Correio de Carajás

Em coletiva, MST fala em precarização do trabalho como causa do acidente

Foto: MST

Membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promoveram, às 13 horas deste domingo (10), uma coletiva de para atualizar a imprensa sobre acidente que vitimou nove pessoas no Acampamento Terra de Liberdade, na Palmares II, em Parauapebas. Pablo Neri, da Direção Nacional do MST, e Beatriz Luz, da Direção Estadual, estiveram à frente da coletiva de imprensa.

Um dos pontos destacados logo no início da coletiva por Pablo Neri foi a sequência de acontecimento que levaram ao acidente. Os trabalhadores da empresa de internet chegaram ao acampamento por volta do meio-dia e começaram as instalações em um serviço que se alongou até a noite.

Quando instalavam o último ponto de internet, uma antena que estava sendo montada no local entrou em contato com um fio de alta tensão do local, de forma que a descarga elétrica se espalhou rapidamente pelo local por meio de uma cerca de arame. Dessa forma, um incêndio teve início e atingiu alguns barracos próximos do local; dois deles acabaram destruídos.

Leia mais:

O membro da direção nacional entente que houve falta de segurança durante a instalação da rede de internet, sem o uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPIs) e obediência às normas de segurança do trabalho, fator que ele atribuiu ao processo de precarização do trabalho. Ele negou que a causa do incêndio tenha sido um curto-circuito ou a explosão de um transformador, lamentando a morte dos três trabalhadores.

Beatriz Luz reforçou a posição de Pablo e destacou que famílias no local insistiram que os trabalhadores encerrassem as atividades aquele dia e finalizassem em outra ocasião, devido às condições de trabalho desfavoráveis, sobretudo por conta do horário. Assim que ocorreu o acidente, o acampamento ficou sem energia, dificultando o trabalho de socorro no local.

“Estivemos num processo de busca dos feridos em uma condição completamente desfavorável. Houveram diversas informações desencontradas”, afirmou Beatriz em referência aos números de óbitos, que veicularam em números variados na mídia – chegando a ser noticiadas 18 mortes no local.

Ao final, Beatriz destacou a necessidade da mobilização do Estado, nas esferas municipal, estadual e federal, na assistência das famílias, afirmando que o acidente não desmobilizará o movimento na luta pela terra e que a comunidade receberá acolhimento e solidariedade do MST.

Uma Assembleia do Território deve ocorrer às 16 horas desse domingo e às 8 horas segunda-feira, 11, haverá um ato de solidariedade na Palmares. O Acampamento Terra e Paz conta com 2 mil famílias.

O MST ainda confirmou que, até o momento, oito pessoas foram internadas e sete delas foram liberadas, com uma permanecendo no hospital com queimaduras de segundo grau. O Instituto Médico Legal (IML) confirmou que os corpos de nove pessoas vítimas do acidente deram entrada, com oito deles identificados até o momento.

(Clein Ferreira)