A ação de dragas no leito dos rios Tocantins e Itacaiúnas vem preocupando os moradores da orla de Marabá e pescadores. É que eles temem que as empresas estejam desrespeitando limites e retirando areia e seixo muitas vezes às margens dos rios, o que é proibido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma). Somente é autorizada pelo órgão a exploração na calha dos rios.
Na última quinta-feira (15), a Reportagem do CORREIO esteve na orla de Marabá chamada por populares, que estão com suas casas em risco de desabamento.
O aposentado Tertuliano Dias Aragão, morador do Bairro Francisco Coelho, popularmente conhecido como Cabelo Seco, é uma das pessoas que conhecem de perto e há muitos anos a situação de exploração das dragas na orla.
Leia mais:“As dragas retiram esse material aqui perto das casas, quando se trata do seixo. Já a areia, eles dragam em qualquer lugar. Logo de manhã cedo eles exploram bem próximo à praia. Quando fica mais tarde, eles vão se recolhendo. Isso já dura mais de 30 anos”, denuncia.
De acordo com seu Tertuliano, diversas casas estão praticamente penduradas e prestes cair como efeito dessa exploração. Segundo ele, já houve várias reuniões com a prefeitura e diversos órgãos, mas nada foi feito para um acompanhamento mais próximo da atividade.
“Nós moradores já nos reunimos com a Prefeitura, Corpo de Bombeiros, Ibama e Semma. Eles prometem mudar essa situação, mas nunca fizeram nada. Sempre estão por aqui pela orla, mas não abordam ninguém”, explicou.
Fatalidades
De acordo com o aposentado, diversas pessoas já se afogaram no rio, inclusive vindo a óbito após mergulharem em uma área de dragagem. “Encontrei o corpo de um rapaz que morreu afogado dentro de um buraco feito por uma draga. Ele veio passar o final de semana aqui. Ele estava numa área rasa do rio e de repente não foi mais visto”, afirmou.
Além dos incidentes, seu Tertuliano informou ao CORREIO que alguns moradores foram retirados das residências que correm risco de desabamento. Segundo ele, a prefeitura de Marabá alugou casas para que essas pessoas fiquem até que a situação seja resolvida.
“Há muitos anos a prefeitura paga aluguel para essas pessoas. A gente pede para que haja uma fiscalização que pare com essa exploração na orla, nas proximidades da margem do rio”, completou.
Intensificar fiscalização
Procurado pela Reportagem do CORREIO, o secretário Municipal de Meio Ambiente, Rubens Sampaio, confirmou que a exploração somente é autorizada no leito dos rios e não nas margens. Também informou que o órgão não recebeu nenhuma denúncia em 2018 e nem neste ano sobre a exploração irregular das dragas.
“Nesse período de piracema, temos uma equipe nos rios fazendo a fiscalização todos os dias. Quando é detectado alguma irregularidade com relação a esse tipo de atividade de exploração de areia e de seixo, a fiscalização deve fazer a abordagem e todos os procedimentos cabíveis”, declarou.
Questionado pela equipe sobre as denúncias feitas por moradores da orla de Marabá, o secretário se comprometeu a intensificar a fiscalização nos próximos dias. “Quanto a essa possibilidade irregular das dragas, vou solicitar que a fiscalização intensifique o monitoramento para sabermos se realmente existe alguém fazendo essa exploração sem autorização”, garantiu.
“Todo empreendedor tem que apresentar a licença do porto ou do local do depósito à margem do rio, porque ele terá que descarregar da embarcação esse material. Então ele tem que apresentar a licença que é expedida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente”, finalizou. (Karine Sued, com informações de Josseli Carvalho)