Sou a favor da gozação no futebol. Gosto quando o atacante faz gol e põe o dedo em riste nos lábios pedindo à torcida que se cale; gosto quando põe a mão aberto por trás da orelha, também provocando o torcedor adversário. Tudo isso é válido, afinal, como disse o eterno Eduardo Galeano, “o gol é o orgasmo do futebol”. Mas tudo precisa de limite, até mesmo o orgasmo. Estou me referindo à gozação feita pelos jogadores do Internacional, que levantaram caixões de papelão, com a letra “B”, com as cores do Grêmio, simbolizando o iminente rebaixamento do rival gaúcho.
Das violências
É óbvio que nada disso é motivo para pancadaria, para brigar, empurrões e toda aquela baixaria movida a testosterona demais e neurônios de menos. Mas não quero falar desse tipo de violência, pois ela já está explícita e (quase) todo mundo sabe que é feio e errado.
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O assunto principal para mim são os limites de um atleta profissional. Como disse no começo da coluna: as provocações são válidas, quando se comemora um gol, quando se ganha uma jogada, tudo isso é muito bom porque faz parte daquele jogo específico de futebol. Mas quando o percentual de contribuição do Inter para a provável queda do Grêmio? O que têm os jogadores colocados a ver com isso? Por que se alegram em ver o fracasso (ainda que momentâneo) dos colegas de profissão?
Sobre quem está dentro e fora de campo
Enfim, acredito que esse tipo de zoação pertence ao torcedor e tão somente a ele. O adepto sim! Acompanha a vida do time, não gosta do rival, tem prazer tanto na vitória do seu clube do coração quanto na derrota do adversário. A gozação com a desgraça do Grêmio um direito sagrado do torcedor do Internacional. Mas não do atleta profissional de futebol.
Saideira
Falo isso dos jogadores do Internacional porque foi o assunto do final de semana, mas sei que se fosse o oposto, alguns jogadores do Grêmio teriam feito o mesmo.