Correio de Carajás

Diogão tinha denunciado Diogo do Betão à polícia

Documento datado de 2016, obtido com exclusividade por este CORREIO, revela que Diogão já vinha sendo ameaçado de morte pelo seu xará, preso esta semana

No dia 6 de julho de 2015, em Belém, capital do Pará, Diogo Sampaio de Souza, o “Diogão”, que atuava no ramo de mineração, procurou as autoridades policiais do Estado para denunciar formalmente, Diogo Costa Carvalho, o “Diogo do Betão”, que estava lhe ameaçando de morte. Ele não estava enganado em procurar ajuda e sentir que poderia mesmo morrer por interesse daquele homem. Trata-se justamente da pessoa apresentada agora pela Polícia Civil como mandante da morte de Diogão há um ano e um mês. Ele e outros três acusados foram presos em uma grande operação policial esta semana.

Diogão ainda procurou a alta cúpula da polícia, mas isso não evitou a sua morte

A reportagem do CORREIO DE CARAJÁS teve acesso com exclusividade ao termo de declaração feito por Diogão, em 2015. Na ocasião, ele denunciou que Diogo do Betão havia invadido uma terra, de sua propriedade, no município de Pacajá, no sudoeste do Pará. Essa terra era produtiva para mineração, de modo que Betão e outra pessoa o procuraram para lhe intimidar, dizendo que ele deveria desistir da terra.

Diogo do Betão é acusado de ser o mandante do crime que teve grande repercussão

Ainda segundo o termo de declaração prestado às autoridades policiais, a vítima passou a andar escoltada, pois temia por sua vida. E não foi só isso que ele fez: Diogão foi embora para a cidade de Fortaleza (CE). Mas em uma de suas vindas corriqueiras a Marabá, ele acabou sendo assassinado em plena orla da cidade, no dia 20 de setembro do ano passado.

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CRIME E INVESTIGAÇÃO

O assassinato de Diogão ocorreu por volta das 18 horas, em meio a grande movimento de populares no local e a cerca de 10 metros de um trailer da Polícia Militar. O tiro foi disparado do interior um Fiat Uno Way e toda a terrível ação foi filmada, gerando ainda mais repercussão ao caso e dor aos parentes da vítima. Aliás, a família de Diogão divulgou uma nota à Imprensa sobre o caso.

Carlos Lázaro teria conseguido o veículo usado no assassinato de Diogão

As investigações sobre o caso e a operação foram realizadas pela Divisão de Homicídios de Belém, com apoio da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (CORE) e da Polícia Civil do Estado do Maranhão. Batizada de “Tora Bora” (é uma referência à caverna negra, complexo de caverna do Afeganistão, base do Talibã), a PC deu cumprimento a seis mandados de prisão e dez mandados de busca e apreensão, todos expedidos pelo juízo da 3ª Vara Criminal do Município de Marabá.

Shirliano Graciano, o “Balão”, é acusado de ser o intermediário do crime

O PAPEL DE CADA UM

Diogo Costa Carvalho – é apontado como responsável por ser o autor intelectual do delito em razão de desavenças e disputas por áreas de mineração.

– Diego Silva dos Santos – policial militar que já foi lotado em Marabá e estava em Afuá (Região do Marajó), responsável por monitorar a vítima e repassar as informações para os executores. Ele foi preso em Afuá, embora já tenha trabalhado no antigo Tático de Marabá.

– Carlos Lázaro Paiva Junior – é acusado de conseguir o veículo que foi utilizado no crime.

Luís Cláudio de Araújo, cabo da Polícia Militar do Maranhão, responsável por efetuar o disparo de arma de fogo que ceifou a vida da vítima, mediante promessa de recompensa.

Shirliano Graciano de Oliveira, o “Balão” – foi o responsável por intermediar as negociações entre os executores e o autor intelectual do delito.

Pablo Antônio Alves Rodrigues – é acusado de alugar o veículo usado pelo assassino, portando documento falso.

Durante o cumprimento dos mandados foram apreendidas diversas armas de fogo (pistola glock calibre .40, espingarda calibre 12, revolver calibre 22, pistola PT100 e pistola G2C), munições, equipamentos eletrônicos documentações, bem como uma porção de substância entorpecente aparentemente maconha.

A operação foi desencadeada em diversas cidades do Estado do Pará (Marabá, Parauapebas, Belém), bem como do Estado do Maranhão (Imperatriz e Açailândia), com o apoio de aproximadamente 100 policiais civis, dentre eles equipes da Divisão de Homicídios do Estado do Pará, da CORE e policiais civis do Estado do Maranhão. (Chagas Filho e Ulisses Pompeu)

 

Veja nota da família, na íntegra

 

O CORREIO quis ouvir a família de Diogo Sampaio de Souza para repercutir sobre a prisão dos envolvidos e o atual estágio das investigações, que já apresenta acusados e o grau de participação de cada um no crime. Os familiares decidiram fazê-lo de forma oficial, com uma nota que está assinada pelo advogado Luciano Pouchaim Bomfim. Diz:

“A família de Diogo Sampaio de Souza, por seu advogado, vem através desta Nota:

  1. Esclarecer que nenhum dos detidos na operação “Tora Bora” ocorrida na última quinta-feira, teve qualquer relação de sociedade, seja formal ou informal com Diogo Sampaio.
  2. Agradecer o Governo do Estado, as Polícias Civil e Federal, o Ministério Público e o Judiciário Paraense, que nos últimos 13 meses trabalharam intensamente no intuito de elucidar o crime ocorrido contra o nosso Diogão, culminando com a operação “Tora Bora”.
  3. Declarar nosso irrestrito apoio às investigações, e, que, seguimos confiantes que os envolvidos responderão pelos crimes cometidos.

Por fim, rogamos à Deus para que abençoe a todos nós e que Nossa Senhora de Nazaré nos guie para um caminho de Justiça e Paz”. (Da Redação)