“A gente veio trazer essa discussão da luta antimanicomial porque queremos uma sociedade mais justa, igualitária, a partir da construção de uma democracia antimanicomial, na qual os usuários possam encontrar responsabilização e cuidado”. A frase de Gisele Leite, coordenadora de Saúde Mental do município de Marabá, traduz o ato político que marcou o Dia Nacional da Luta Antimanicomial na cidade, na manhã desta sexta-feira (18).
A data comemora 30 anos e é considerada um marco para saúde mental. Em Marabá, a equipe do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II) realizou um evento na Câmara Municipal de Vereadores, com participação da rede de atendimento psicossocial, profissionais da área, pacientes, familiares destes e a sociedade em geral.
“Estamos aqui junto com usuários do sistema, familiares e a equipe do Caps II de Marabá para chamar a atenção da sociedade, para que ela possa saber que não queremos a volta dos hospitais psiquiátricos, que somos contra os manicômios. Estamos aqui para dizer que é possível um tratamento e que essas pessoas precisam estar incluídas na sociedade, nosso papel social é a reinserção dessas pessoas na sociedade”, acrescentou.
Leia mais:De acordo com ela, pessoas com transtornos mentais podem ter qualidade de vida e acesso a tratamento adequado. “Precisamos chamar aa tenção da sociedade civil e organizada de que estamos juntos nesta luta e acreditamos que eles têm direito de estar juntos de nós”. Atualmente, afirma, há uma média de 12 mil pessoas cadastradas para acompanhamento no Caps II. Diariamente passam pelo local pelo menos 50 pessoas.
#ANUNCIO
“Além de transtorno mental, há pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas. Atendemos pessoas que têm transtorno severo e permanente. O serviço fica de porta abertas e é uma demanda que cresce muito. Temos quantidade grande e número significativo de pessoas que circulam dentro do serviço, por isso estamos pensando em aumentar a infraestrutura”, observa.
Em relação aos usuários de drogas, a instituição trabalha a redução de danos “no qual respeitamos a singularidade de cada um e fazemos o processo terapêutico dessas pessoas de acordo com as vontades”. Para receber tratamento, basta o interessado procurar o Caps II, na Folha 31, próximo à Casa da Cultura. “É um serviço de portas abertas, a pessoa tem acolhimento e depois são traçados os atendimentos dessa pessoa”.
Moisés de Souza, de 34 anos, cansou de sofrer preconceito e até ir parar na delegacia por conta de um transtorno mental. Agora, com tratamento adequado, ele vive uma vida normal. “Eu fazia muita besteira, o povo pensava que eu estava bêbado, endemoniado, me levavam pra cadeia e soltavam no outro dia. Não deu jeito e foi preciso ficar internado, passei três vezes internado, até que fui liberado e acabei indo ao Caps”.
De lá, diz, foi possível acertar a medicação que o acalmou. “Fui tomar remédio e acertaram o que deu certinho pra mim. Passei a ficar bem, hoje estou normal, foi trocando o remédio até acertar o que deu certo na minha vida”. Ele também faz terapia.
A cozinheira Alane de Oliveira faz tratamento psicológico há cinco anos junto ao Caps. “Eu entrei em um processo de profundo isolamento e com dores intermináveis. Dentro da saúde mental chamam de sintomas diferentes do que realmente temos. Muitas dores de cabeça, pensamentos suicidas, dificuldades em relacionamento com outras pessoas, fiquei um pouco antissocial e depois do acompanhamento, terapia, houve grande melhora. Passamos por vários processos e mudanças de medicamentos. Existe um grupo grande de pessoas que nos assistem”.
Ela conta que houve um período em que chegou a tomar 16 remédios por dia. Atualmente, ingere seis. “Acho esse evento muito importante porque muitas pessoas não conhecem e não sabem que há acolhimento, amor, e há pessoas para ouvirem nossas dores. As dores emocionais não mostram nossas feridas e hematomas, são internas, não estão expostas. Diante disso, há muita rejeição em várias classes”.
Por fim, afirma que ninguém está livre ou imune de uma doença desta natureza, mas existe tratamento e acompanhamento. “Percebi que tinha algo errado, chorava constantemente, tinha muitas dores que eu não conseguia explicar, os exames não demonstravam nada. Procurei ajuda, fiquei com psicólogo e depois fui transferida para o Caps. A família precisa estar atenta que há algo diferente”.
Além dos depoimentos e da apresentação da equipe ocorrida nesta sexta, durante todo o mês ocorre exibição de filmes no CAPs II, além da exposição “Túnel do Tempo”, aberta todos os dias para visitação. (Luciana Marschall – com informações de Josseli Carvalho)
“A gente veio trazer essa discussão da luta antimanicomial porque queremos uma sociedade mais justa, igualitária, a partir da construção de uma democracia antimanicomial, na qual os usuários possam encontrar responsabilização e cuidado”. A frase de Gisele Leite, coordenadora de Saúde Mental do município de Marabá, traduz o ato político que marcou o Dia Nacional da Luta Antimanicomial na cidade, na manhã desta sexta-feira (18).
A data comemora 30 anos e é considerada um marco para saúde mental. Em Marabá, a equipe do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II) realizou um evento na Câmara Municipal de Vereadores, com participação da rede de atendimento psicossocial, profissionais da área, pacientes, familiares destes e a sociedade em geral.
“Estamos aqui junto com usuários do sistema, familiares e a equipe do Caps II de Marabá para chamar a atenção da sociedade, para que ela possa saber que não queremos a volta dos hospitais psiquiátricos, que somos contra os manicômios. Estamos aqui para dizer que é possível um tratamento e que essas pessoas precisam estar incluídas na sociedade, nosso papel social é a reinserção dessas pessoas na sociedade”, acrescentou.
De acordo com ela, pessoas com transtornos mentais podem ter qualidade de vida e acesso a tratamento adequado. “Precisamos chamar aa tenção da sociedade civil e organizada de que estamos juntos nesta luta e acreditamos que eles têm direito de estar juntos de nós”. Atualmente, afirma, há uma média de 12 mil pessoas cadastradas para acompanhamento no Caps II. Diariamente passam pelo local pelo menos 50 pessoas.
#ANUNCIO
“Além de transtorno mental, há pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas. Atendemos pessoas que têm transtorno severo e permanente. O serviço fica de porta abertas e é uma demanda que cresce muito. Temos quantidade grande e número significativo de pessoas que circulam dentro do serviço, por isso estamos pensando em aumentar a infraestrutura”, observa.
Em relação aos usuários de drogas, a instituição trabalha a redução de danos “no qual respeitamos a singularidade de cada um e fazemos o processo terapêutico dessas pessoas de acordo com as vontades”. Para receber tratamento, basta o interessado procurar o Caps II, na Folha 31, próximo à Casa da Cultura. “É um serviço de portas abertas, a pessoa tem acolhimento e depois são traçados os atendimentos dessa pessoa”.
Moisés de Souza, de 34 anos, cansou de sofrer preconceito e até ir parar na delegacia por conta de um transtorno mental. Agora, com tratamento adequado, ele vive uma vida normal. “Eu fazia muita besteira, o povo pensava que eu estava bêbado, endemoniado, me levavam pra cadeia e soltavam no outro dia. Não deu jeito e foi preciso ficar internado, passei três vezes internado, até que fui liberado e acabei indo ao Caps”.
De lá, diz, foi possível acertar a medicação que o acalmou. “Fui tomar remédio e acertaram o que deu certinho pra mim. Passei a ficar bem, hoje estou normal, foi trocando o remédio até acertar o que deu certo na minha vida”. Ele também faz terapia.
A cozinheira Alane de Oliveira faz tratamento psicológico há cinco anos junto ao Caps. “Eu entrei em um processo de profundo isolamento e com dores intermináveis. Dentro da saúde mental chamam de sintomas diferentes do que realmente temos. Muitas dores de cabeça, pensamentos suicidas, dificuldades em relacionamento com outras pessoas, fiquei um pouco antissocial e depois do acompanhamento, terapia, houve grande melhora. Passamos por vários processos e mudanças de medicamentos. Existe um grupo grande de pessoas que nos assistem”.
Ela conta que houve um período em que chegou a tomar 16 remédios por dia. Atualmente, ingere seis. “Acho esse evento muito importante porque muitas pessoas não conhecem e não sabem que há acolhimento, amor, e há pessoas para ouvirem nossas dores. As dores emocionais não mostram nossas feridas e hematomas, são internas, não estão expostas. Diante disso, há muita rejeição em várias classes”.
Por fim, afirma que ninguém está livre ou imune de uma doença desta natureza, mas existe tratamento e acompanhamento. “Percebi que tinha algo errado, chorava constantemente, tinha muitas dores que eu não conseguia explicar, os exames não demonstravam nada. Procurei ajuda, fiquei com psicólogo e depois fui transferida para o Caps. A família precisa estar atenta que há algo diferente”.
Além dos depoimentos e da apresentação da equipe ocorrida nesta sexta, durante todo o mês ocorre exibição de filmes no CAPs II, além da exposição “Túnel do Tempo”, aberta todos os dias para visitação. (Luciana Marschall – com informações de Josseli Carvalho)