Correio de Carajás

Desespero: Paciente denuncia falta de remédio e pede banco de órgãos

“Sem previsão”, é a resposta dos servidores do CDRC (Centro de Doenças Renais do Carajás) aos seus pacientes quando questionados sobre a disponibilidade de um remédio essencial para a saúde de quem faz hemodiálise, a Eritropoetina.

O CDRC está localizado na Folha 25, núcleo Nova Marabá e é o responsável pelo tratamento de 270 doentes renais de Marabá e região.

A reclamação foi feita por Rangel Rabelo ao procurar a reportagem do Jornal Correio.

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Rangel é paciente do CDRC e faz hemodiálise há cerca de três anos. Ele denuncia o que acredita ser descaso da Sespa (Secretaria de Saúde Pública do Pará) para com o caso. Segundo ele, um amigo e também paciente do faleceu recentemente por falta do medicamento. “Um amigo nosso já faleceu por falta dessa medicação; ela ajudou muito contra o problema dele e vai ser muito perigoso pra gente se a Sespa não resolver nossa situação”.

O paciente disse que está na luta para que esse caso seja resolvido e apela para a prefeitura e políticos para que o remédio, que está em falta há dois meses, volte a ser disponibilizado para os pacientes, “eu peço ajuda de todos, dos políticos e de pessoas que possam dar uma força, a situação está muito difícil para quem faz hemodiálise em Marabá”, afirmou.

Rangel alegou que está começando a sentir-se mal por conta da necessidade do remédio. “Essa medicação é vital; eu já estou tonto por falta dessa medicação, a minha vida já não está boa por falta dessa medicação e assim, estão muitas outras pessoas nessa situação”.

O medicamento

O remédio que está em falta para os pacientes que fazem hemodiálise no CDRC em Marabá é a. Este medicamento ajuda a aumentar/manter os percentuais de glóbulos vermelhos nos doentes, prevenindo, assim, a anemia associada à doença renal.

Segundo fonte ouvida pelo Correio ligada ao CDRC, o medicamento realmente está em falta, alguns pacientes não o recebem há mais de dois meses, apesar de ter chegado uma remessa de Eritropoetina recentemente, as ampolas que são aplicadas nos pacientes, após o procedimento de hemodiálise, não foram suficientes e duraram poucos dias.

O medicamento é tão importante que por falta dele, o número de pacientes que precisam receber transfusão de sangue dobrou no CDRC, por conta da anemia presente em quase todos os doentes renais, que a Eritropoetina é responsável por prevenir.

Banco de órgãos

Outra reivindicação de Rangel é a criação de um banco de órgãos em Marabá. Inconformado com a situação, Rangel usa de todos os meios para tentar sensibilizar o poder público para a causa, inclusive, ele mandou plotar seu veículo com o slogan da campanha para divulgar o drama vivido por milhares de pessoas.

A expectativa de vida para um paciente que faz hemodiálise é de cinco a dez anos. Rangel, que há três faz o tratamento, se preocupa com o seu futuro e qualidade de vida e diz que o que está faltando é interesse político pelo caso. “O que falta é a ajuda política, essas pessoas que são influentes no estado que façam alguma coisa quanto a isso, se não é difícil pra todo mundo”.

A reportagem procurou Lucilia Lima Azevedo, diretora da Divisão Técnica do 11º CRS (Centro Regional de Saúde) da Sespa, com sede em Marabá, localizada na Nova Marabá, para falar sobre o assunto, no final da tarde desta segunda-feira (27).

Questionada, ela respondeu que o medicamento já havia chegado e que ontem mesmo seria dispensado aos pacientes. A reportagem também perguntou a ela que quantidade do remédio é distribuída aos pacientes, mas não obteve resposta. (Com informações de Josseli Carvalho).