Correio de Carajás

Desemprego: Qualificação não rima com vaga

Samilia Lima Rayol terminou o curso técnico em Enfermagem há mais de 10 anos, em 2006. Há dois está desempregada e procurando uma vaga para voltar a trabalhar. Após procurar hospitais, encarou a fila do Sistema Nacional de Emprego (Sine) com a documentação em mãos para se inscrever e colocar à disposição de empresas interessadas em contratações. Acredita que há oportunidades no campo em que atua, mas que a atual condição sócio-política do país tem aumentado o desemprego. “Acredito ser culpa do governo, da má administração do país que gera desemprego. É por um pouco de tudo que estamos nessa bagunça, nessa crise”, comentou.

Marlene Jesus Brito, gerente substituta do Sine Marabá, informa que diariamente cerca de 50 novas inscrições são feitas pelo órgão localizado na Marabá Pioneira. De acordo com o Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada, na quinta-feira, pelo Intituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no segundo trimestre deste ano éramos quase 13 milhões de brasileiros desempregados. Dentre estes, destaca o órgão, 3,2 milhões procuram trabalho há mais de dois anos.

O IBGE divulgou neste mês, ainda, que os jovens são os que mais sofrem, principalmente em decorrência da menor experiência. De acordo com os dados, entre os trabalhadores de 18 a 24 anos, a taxa de desemprego é mais que o dobro da taxa da população em geral.

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A estudante Taiane Barbosa da Silva Costa mora sozinha em Marabá e está em busca do primeiro emprego. Ela já está inscrita junto ao Sine Marabá desde o início deste ano e agora participa de algumas seleções. “Fui chamada para uma seleção para várias vagas, aí a consultora tenta adequar cada perfil para determinada empresa. Estou com altas expectativas para ser chamada”, diz.

Formanda em Engenharia de Produção e técnica em automação industrial sonha com uma vaga na área para a qual está se qualificando. “Estou cursando Engenharia por vocação e a automação eu já fui para complementar na área em que quero atuar”, disse. Dione Santos Silva, recém-formado em Engenheira Florestal, também tenta engrossar o currículo para aumentar as chances. Ele afirma, ainda, estar tentando empreender na área na qual se formou, mas está encontrando dificuldades. “Está complicado para quem está recém-formado. No campo geral acredito que a motivação para a falta de emprego tem raiz política, com a corrupção em geral o país não está gerando oportunidades para jovens e nem para a população de modo geral, o que implica na falta de emprego e de perspectiva”.

Dione culpa em parte, também, o setor empresarial que costuma reproduzir certo preconceito com quem está iniciando. “Acho que os empresários precisam visualizar na força de trabalho, na juventude, oportunidade de crescimento. Existe em mim o desafio, mas falta oportunidade. Qualificação eu tenho, falta ainda a oportunidade”.

Para quem já é pai de família também não está fácil e a situação acaba sendo ainda mais desesperadora. Carlos André Silva Cordeiro é montador de andaime, possui três filhas e está há seis meses sem trabalho. “Estou trabalhando fazendo bico na rua. Já rodei em tudo procurando emprego e tá difícil, muito. Tenho que me virar”. (Luciana Masrchall com informações de Josseli Carvalho)

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O Sine Marabá está localizado em frente à Praça Duque de Caxias, na Marabá Pioneira. O atendimento para inscrição ocorre entre 8 horas e 14 horas, de segunda à sexta.