Correio de Carajás

Descaso de Jeová torna Canaã a 11ª cidade com maior incidência de Covid-19 no Brasil

Seiscentas e oitenta e seis pessoas contaminadas pela covid-19 haviam sido identificadas oficialmente, nesta terça (26), por meio de PCR e testes rápido, no município paraense de Canaã dos Carajás, administrado por Jeová Andrade, conforme o boletim epidemiológico emitido pela Prefeitura Municipal.

O número é alarmante quanto comparado à população de aproximadamente 70 mil habitantes, estimada pela própria administração. O IBGE a estima em 37.085 pessoas. Para efeito de comparação na mesma região, Marabá é pelo menos quatro vezes maior que Canaã dos Carajás, com população estimada em quase 280 mil moradores (IBGE), e tinha nesta terça apenas 102 casos a mais. 

O número elevado de casos colocou Canaã dos Carajás em um ranking assustador nesta quarta (27). Conforme divulgado pelo G1, que acompanha diariamente a evolução da doença no Brasil, o município é o 11ª com maior incidência de casos de covid-19 em todo o pais. Os dados foram tabulados às 7h20 de hoje e foram consideradas somente as cidades com mais de 30 casos confirmados, conforme critério da OMS. A fonte dos dados é a Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa).

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Fonte: G1

A péssima colocação no ranking poderia ser mais facilmente compreendida caso Canaã dos Carajás fosse um município sofrendo com poucos recursos, como muitos Brasil afora. Definitivamente não é o caso. A cidade é uma das 10 mais ricas do país, mas nem com os cofres cheios o prefeito Jeová Andrade tomou atitudes que pudessem frear com eficiência a contaminação, ou pelo menos garantir melhor tratamento de saúde aos já contaminados.

O orçamento do município foi aprovado em mais de R$ 1 bilhão para 2020. A prefeitura insiste em se defender afirmando que o enfrentamento à pandemia do coronavírus está resultando em perdas orçamentárias, por conta na queda da arrecadação. É claro que mesmo havendo queda, Canaã dos Carajás tem dinheiro para fazer muito mais que o pouco feito até o momento, uma vez que municípios maiores e com arrecadações menores enfrentam a crise de forma mais eficiente.

Exemplo disso é uma recomendação do Ministério Público do Estado do Pará expedida há cerca de 15 dias onde a Promotoria informava que a rede de saúde do município não dispõe de nenhum leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e já contabiliza 11 mortes. Além disso, não foram tomadas quaisquer atitudes para adquirir equipamentos, como respiradores, para montagem dos leitos específicos.

Para quase tudo Jeová Andrade tem usado a Lei Federal Nª 13.979/2020, que permite dispensa de licitação para combate à covid-19, menos para a aquisição dos equipamentos específicos para montagem de UTIs.

Uma busca rápida pelos processos abertos neste mês com dispensa de licitação, por exemplo, apresenta a intenção da Prefeitura Municipal para contratação de vigilância armada, aquisição de tendas, locação de meios de transporte, compra de equipamentos hospitalares comuns e aquisição de um grupo gerador. Na lista há nenhum respirador.

Além de não seguir a maré, Jeová Andrade ainda nada contra ela. Diante da falta de suporte para atendimento de pessoas infectadas, a recomendação do MP pedia o fechamento do comércio não essencial, por no mínimo oito dias. O fechamento aconteceu, mas não por iniciativa de Jeová e sim por determinação de lockdown pelo governador do Pará, Helder Barbalho, no último dia 19.

O prefeito esperneou e no dia seguinte tinha enviado ofício ao governador pedindo que a cidade fosse retirada do sistema. Neste domingo (24) o prazo de decreto de lockdown foi encerrado e no dia seguinte, segunda (25), Jeová já assinou decreto municipal regulando o funcionamento de órgãos públicos e empresas não essenciais, mantendo fechados apenas bares, restaurantes e academias.