O caso é emblemático e merece investigação. Seria leviano afirmar, neste momento, que houve fraude no concurso da Prefeitura de Marabá, apenas com a denúncia oferecida por um dos concorrentes nesta quinta-feira, 28, na 21ª Seccional de Polícia Civil da Nova Marabá.
Todavia, os relatos, reforçados por conversas em uma rede social, inclusive com áudio gravado pelo interlocutor do denunciante, requerem investigação, inclusive com manifestação da própria FADESP (Fundação de Amparo à Pesquisa), que não respondeu formalmente aos questionamentos feitos.
A Reportagem do CORREIO DE CARAJÁS teve acesso às conversas entre o denunciante – a quem vamos chamar de Miguel – ainda na tarde de quarta-feira, dia 27 de março. Ele ficou na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil da Nova Marabá por mais de 2 horas, mas não conseguiu ser atendido. O delegado pediu para retornar ontem, quinta-feira.
Leia mais:Ainda na tarde de quarta, Miguel veio à Redação do CORREIO DE CARAJÁS, onde foi ouvido pela Reportagem. Ele contou que na última terça-feira, dia 25, conversou, por meio de uma rede social, com um ex-colega de trabalho, que orgulhava-se de ter acertado 47 de 50 questões para o cargo de operador de ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), que requer nível médio.
As mensagens também foram mostradas ao repórter do CORREIO e o suposto fraudador afirma que recebeu o gabarito de forma antecipada, não levou nada escrito como cola porque resolveu decorar tudo antecipadamente. Disse que pagou R$ 1.600,00, juntamente com outras seis pessoas, inclusive um primo dele, que teria ameaçado de morte a pessoa que vendeu as respostas, caso elas não fossem corretas. “Se fosse mentira, meu primo disse que vai ‘puxar’ o cara”, alegara o exaltado fraudador em áudio endereçado para Miguel.
Nas mensagens, o suposto vendedor de gabarito teria dito que a irmã dele trabalha na FADESP e que já tinha passado muita gente em outros certames realizados pela mesma banca.
Miguel diz que estava muito chateado porque, caso o fraudador não esteja apenas contando vantagem, ocorreu uma grande injustiça com os demais concorrentes ao cargo. “A Polícia precisa mostrar o nome deste cidadão à FADESP e conferir a prova dele, para saber se ele acertou 47 questões, como afirma”.
Cauteloso, Miguel prefere não falar em anulação do concurso para este cargo, mas que a situação seja analisada com cuidado e que os supostos culpados sejam punidos na forma da lei. “Fiz a denúncia porque fiz a prova de forma legal, não paguei por gabarito nenhum”, desabafa.
PREFEITURA SE MANIFESTA
Embora a FADESP não tenha respondido ao jornal, diretamente, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Marabá enviou nota à Redação na noite de ontem, com o seguinte teor: “A FADESP, pelo seu nome e tradição, de mais de 40 anos, nem se quer leva em consideração este tipo de “notícia” e/ou denúncia vazia. Qualquer um pode dizer que tem uma informação, inclusive um estelionatário, para “vender” às pessoas de boa fé. A FADESP responde apenas de forma oficial quando acionada pela Polícia, Ministério Público do Pará, Defensoria Pública e/ou à Justiça, se assim for convocada de forma oficial”. (Ulisses Pompeu)