No último domingo (20), na Fazenda São João, que fica na região de Itainópolis, zona rural de Marabá, um possível conflito entre sem-terra e fazendeiros foi evitado graças a uma ação rápida da polícia, que chegou no momento em que os dois grupos estavam frente a frente. Não há como afirmar que haveria um confronto, mas o perigo havia. “Tivemos a felicidade de chegar lá no exato momento em que o movimento pró fazendeiros estava se encontrando com o movimento dos sem-terra”, relatou o delegado Waney Alexandre, da Delegacia Especializada de Conflitosa Agrários (Deca).
Além de sua equipe, o delegado contou com o apoio de militares da 1ª Companhia Independente de Missões Especiais (CIME) e também de investigadores da 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil.
Segundo Alexandre, a primeira medida tomada foi pedir que o grupo de apoio aos fazendeiros aguardasse onde estava, enquanto ele iria convencer os sem-terra a deixar a área pacificamente. “Informei a eles (os sem-terra) que estavam cometendo crime de esbulho possessório e muito provavelmente também o crime de desobediência, tendo em vista que já há uma liminar de reintegração de posse dessa área desde 2015”, relatou o policial.
Leia mais:Ainda conforme o delegado, a situação era realmente conflituosa e tensa naquele momento, pois ele conseguiu verificar a presença de algo em torno de 15 veículos de pessoas que estavam ali para defender os direitos dos donos da fazenda. Mas, ao final de uma longa conversa, os sem-terra aceitaram deixar a aquela área da fazenda e voltar para o local onde estavam antes, denominado “Acampamento Andiroba”.
Mas não foi apenas isso. De acordo com o delegado Alexandre, os policiais auxiliaram os sem-terra no retorno até o acampamento. Iniciada por volta da de 12h30 de domingo, a operação foi terminar por volta das 4h20 da madrugada de ontem, segunda-feira (21). Foram utilizados quatro caminhões, quatro picapes e um micro-ônibus.
“Fiz questão de garantir a integridade física deles e que iriamos acompanha-los durante o seu retorno. A prioridade da Polícia Civil é garantir a integridade física de todos”, explica o policial, acrescentando que o papel dos órgãos de segurança é mediar o conflito, sobretudo em uma região como esta, onde existe um histórico de violência no campo.
O passo seguinte foi intimar integrantes do movimento, que serão ouvidos na DECA nos próximos dias. (Chagas Filho)