O delegado Waney Alexandre, titular da Delegacia Especializada em Conflitos Agrários (Deca) sediada em Marabá, não confirmou que funcionários da Fazenda Novo Mundo tenham sido feitos reféns durante ocupação de um grupo de pessoas ligadas ao movimento União Nacional Camponesa (UNC), na madrugada da última sexta-feira, dia 10.
A informação chegou a ser veiculada em sites e por redes sociais e, ao ser questionada sobre o tema específico, a autoridade policial afirmou que “as informações para salvaguardar o êxito das investigações não vou repassar”. Em entrevista coletiva na manhã de hoje, terça (15), entretanto, informou que as atividades da fazenda estão sendo desenvolvidas normalmente.
Conforme ele, na madrugada de sexta a Polícia Civil recebeu a informação que a fazenda estava sendo ocupada por trabalhadores rurais e que haveria pessoas armadas mantendo os trabalhadores em cárcere privado. “Imediatamente a equipe de plantão da Deca foi até o local. Chegando lá foi constatada a ocupação, cerca de 80 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, mas diligenciamos e percebemos que não existia funcionários em situação de cárcere ou reféns, então iniciamos diálogo com o movimento”, declarou.
Leia mais:Segundo o delegado, durante a conversa, os ocupantes alegaram que a propriedade e o proprietário da fazenda tinham sido condenados por crime de trabalho análogo ao de escravidão, o que não foi comprovado pelas buscas da Deca.
“Diligenciamos junto ao TRF imediatamente para ver se existia essa condenação e também no TJPA. Extraímos documentos que mostram que não existe condenação, nem mesmo processo criminal deste gênero contra o proprietário da fazenda, quiçá condenação transitada em julgada”. Os membros do movimento também alegaram que a propriedade rural é objeto de reforma agrária.
“Diligenciamos também junto ao Incra, conversei com o ouvidor regional e requisitei formalmente informações sobre a fazenda. O Incra nos passou por documento que a fazenda Novo Mundo não é objeto de processo de obtenção da terra para reforma agrária, nem mesmo está na lista de propriedade que entram em estudo para análise da viabilidade de se tornar objeto de reforma agrária”.
Essas informações, acrescenta, foram repassadas aos trabalhadores rurais pelos policiais da Deca. “Tentamos conversar com a liderança, mas ninguém se apresentou, então falamos com todos. Passamos esses documentos, eles têm em mãos. A atividade laborativa da fazenda já foi reiniciada, os funcionários estão trabalhando e transitando normalmente. Os ocupantes saíram da sede e se deslocaram a 10 Km, mas ainda na propriedade, em um retiro de difícil acesso e lá permanecem. No sábado (11) fomos até lá novamente com intuito de iniciar novas tratativas para saber qual a posição do movimento após as informações repassados”.
Na ocasião, conforme já divulgado pelo Portal Correio de Carajás, os policiais civis abordaram dois homens, Francisco Garcia de Moura e Hilton Alves de Souza, ambos integrantes da UNC. No interior do veículo em que Francisco estava foi apreendida uma espingarda e ele foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma e esbulho possessório. Já Hilton foi autuado em um Termo Circunstanciado de Ocorrência por esbulho possessório e em seguida liberado. O caso segue sendo acompanhado pela Deca. (Luciana Marschall – com informações de Elson Gomes)