Correio de Carajás

Crianças representam quase metade de transfusões de hospital

“Não tenho como agradecer à pessoa que salvou a minha filha. Por causa da doação de sangue que ela está viva hoje”, disse a doméstica Claudinete Lopes sobre a experiência vivida com a filha caçula, há quase 30 dias. Internada no Hospital Regional do Sudeste do Pará – Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em Marabá, a pequena Maria Cecília é uma das pacientes da Unidade que precisaram de transfusão sanguínea neste mês para continuar o tratamento. No ano passado, as crianças representaram 42,5% das 2.083 transfusões realizadas no hospital e, nos dois primeiros meses de 2019, passaram dos 33%.

A exemplo de Maria, boa parte desses usuários são as crianças atendidas nas Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica e Neonatal. O índice se deve, principalmente, à frequência dos casos de anemia nas crianças, ao grande volume de procedimentos cirúrgicos realizados nas UTIs e ao fato de que, comparado a um bebê nascido após nove meses completos, o prematuro precisa de um tempo maior para iniciar o processo de metabolismo do sangue, o que o permitirá produzir as próprias células sanguíneas.

Para Eduarda Macedo, que desde o dia 26 de fevereiro vivencia a rotina da UTI Neonatal com a filha Lara, situações como essa reforçam a importância da doação da sangue. “Eu sempre quis ser doadora, mas tenho anemia. Então, minha maneira de contribuir é incentivando as pessoas a fazerem esse pequeno ato. Eu acho que a maioria das pessoas pensa que a doação é coisa de outro mundo. A verdade é que é simples demais e gera uma gratidão sem tamanho na família de quem precisa de sangue”, comentou a acompanhante.

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Segundo o biomédico da Agência Transfusional do HRSP, Gustavo Ramos, no Brasil, ainda é comum as pessoas começarem a doar sangue somente depois que alguém próximo necessita de transfusão ou doar apenas nessa situação. “Menos de 2% da população brasileira é doadora de sangue, sendo que a Organização das Nações Unidas considera ideal a taxa entre 3% a 5%. Precisamos avançar nesse sentido, desmistificar a doação e sensibilizar a sociedade para essa causa tão nobre”, disse o colaborador. 

Para esclarecer o assunto, ao longo desta semana, o Hospital Regional de Marabá realizará bate-papos com usuários ambulatoriais e acompanhantes. A ação é alusiva ao Dia Mundial da Infância, comemorado nesta quarta-feira, 20 de março, reforçando a importância da doação para as crianças. 

Campanha – A mobilização também é uma preparação para a 35ª Campanha de Doação de Sangue do HRSP, que ocorrerá entre os dias 25 e 29 de março. As doações poderão ser feitas em dois postos de coleta: no Hemopa Marabá, de 25 a 29, das 7h às 12h30; e no Hospital Regional, no dia 26/3, das 8h às 16h30.

Como doar – São requisitos para se tornar um doador: estar em boas condições de saúde; bem alimentado e não ter ingerido comida gordurosa nas quatro horas que antecedem a doação; pesar, pelo menos, 50 kg; ter dormido, no mínimo, seis horas nas últimas 24 horas; apresentar documento oficial com foto, como carteira de identidade, carteira de trabalho, certificado de reservista, carteira do conselho profissional ou carteira de habilitação; e ter entre 16 e 69 anos (a primeira doação deve ocorrer, no máximo, até os 60 anos). Menores de idade precisam da autorização dos pais e/ou responsáveis.

Sobre a unidade – Referência em atendimento de média e alta complexidades, o Hospital Regional do Sudeste do Pará é gerenciado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar. Possui 115 leitos, sendo 77 de Unidades de Internação e 38 de Unidades de Terapia Intensiva. Abrange uma população superior a 1 milhão de habitantes em 22 municípios paraenses. 

Com perfil cirúrgico e habilitação em Traumato-ortopedia pelo Ministério da Saúde, a instituição oferece atendimento gratuito nas especialidades de Cardiologia, Cirurgia Buco-maxilo-facial,Cirurgia Plástica Reparadora, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Clínica Médica, Fisioterapia, Infectologia, Medicina Intensiva Adulto, Pediátrica e Neonatal, Nutrição, Obstetrícia de Alto Risco, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Urologia, Neurocirurgia, Terapia Ocupacional, Traumato-Ortopedia, Nefrologia e Anestesiologia.

(Agência Pará)