Correio de Carajás

Cortina de fumaça impera em Marabá

Nas últimas semanas, a fumaceira que toma conta da cidade tem arrancado comentários um tanto que “assombrosos” dos moradores de Marabá. Isso porque algumas pessoas estariam comparando o município com a misteriosa cidade fictícia de “Silent Hill”, um dos filmes de terror mais famosos do cinema mundial. No longa, a névoa vista no lugarejo é toda feita de cinzas, provocadas pelo fogo das minas de carvão da cidade que ainda queimam.

Por aqui, curiosamente, o motivo da cortina de fumaça, assim como no filme, é o mesmo: fogo, muito fogo. No último sábado (10), por exemplo, foi difícil transitar à noite pelas ruas da cidade, que estavam tomadas pelo nevoeiro ocasionado pelas queimadas. Nesta segunda-feira a situação também era das piores na condição do ar em Marabá. Os constantes incêndios nas matas e terrenos tem feito o número de ocorrências disparar diariamente, o que tem dado muito trabalho aos militares do 5º Grupamento de Bombeiros Militar (5 GBM) em Marabá.

Este é o período em que a corporação registra maior número de focos de incêndio na área urbana e rural da cidade. A vegetação seca facilita a propagação das chamas e, com isso, a possibilidade de destruição de grandes áreas. Segundo dados do Corpo de Bombeiros, só no mês de julho o grupamento contabilizou 57 ocorrências na região. Deste total, a grande maioria, que representa 41 chamadas, foi identificada em vegetações.

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O maior número de chamadas oscilou entre os horários das 12 às 14 horas (11), das 16 às 18 horas (12) e das 20 às 22 horas (10).

Segundo o subcomandante do 5ª GBM, o major Felipe Galucio, o número de ocorrências das queimadas tem se intensificado no mês de agosto. De acordo com ele, em média, o grupamento recebe de 3 a 4 ligações por dia, mas infelizmente nem todas as chamadas conseguem ser atendidas. “Muitas vezes nós estamos em local atendendo enquanto está pegando fogo em outro lugar da cidade, aí não temos condições de estar atendendo os dois ao mesmo tempo”, explicou.

Ainda de acordo com o major, a maior dificuldade para atender a demanda é o quantitativo de homens. São 63 bombeiros no quartel, mas, por conta dos turnos de 24 horas, por dia se tem 12 militares tirando serviço e duas viaturas à disposição. “Para esta época é um efetivo pequeno para atender a demanda. Porque, desses 12, ainda tem os homens que atendem acidentes automobilísticos e atuando em resgates”, detalha o subcomandante ao CORREIO.

Questionado pela Reportagem sobre os incêndios criminosos, Galucio anseia pela ajuda da população. “Contamos com o bom senso das pessoas de evitarem queimar seus lotes, lixos ou fazer fogo de qualquer tipo, porque mesmo que seja fogo em lixo no quintal de casa, as faíscas podem subir e acabar chegando em terrenos baldios, então pedimos a conscientização da população para que não venha a praticar esse tipo de artifício justamente nesta época tão quente”, pediu.

O aspecto mais preocupante no que diz respeito à natureza das queimadas, é que a maior parte delas poderia ser evitada ou minimizada, pois são diretamente causadas pela irresponsabilidade de produtores rurais que ateiam fogo em pastagens, na colheita ou lavouras, para, posteriormente, iniciar uma nova cultura no local. Além disso, há, também, o descaso e o descuido que as provocam, como um simples cigarro aceso jogado da janela de um carro à beira de uma estrada.

DENUNCIAS

Ao Jornal, o major informou que as denúncias sobre queimadas podem ser feitas para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma). O disque denúncia do órgão pode ser acionado pelo número (94) 3323-0571 e o celular (94) 99233-0523.

O atendimento funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 20 horas e aos fins de semana as equipes ficam de plantão. No sábado, o atendimento inicia a partir das 20 horas e se estende até as 2 horas da manhã. Já no domingo, o horário é das 17 às 00 horas.

LEGISLAÇÃO

Conforme o Art. 250 do Código Penal (Decreto-Lei 2848/40), causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de terceiros, pode resultar em reclusão de três a seis anos, além de multa. As penas podem aumentar dependendo das circunstâncias do ocorrido. No entanto, está não é a única legislação que criminaliza as queimadas. A Lei Federal nº 9.605/98, que “dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente”, é bem direta sobre este assunto.

O texto diz que causar poluição de qualquer natureza que coloquem em risco a saúde humana, a vida de animais ou a destruição da ora, pode resultar em pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa. A penalidade pode ser mais branda ou grave, dependendo das características da situação.

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As denúncias sobre queimadas podem ser feitas para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma). O disque denúncia do órgão pode ser acionado pelo número (94) 3323-0571 e o celular (94) 99233-0523.

(Karine Sued)