Correio de Carajás

Corpo de jovem morto em vídeo é encontrado no Rio Parauapebas

O corpo de Yardley Lima Martins Oliveira, o Dadá, de 19 anos, foi encontrado no Rio Parauapebas, às 14 horas desta terça-feira (29), no Bairro Riacho Doce, no final da Rua 4. O jovem estava desaparecido desde a quinta-feira (25), feriado de Natal. Familiares dele o reconheceram em dois vídeos que circulam por grupos de WhatsApp.

O tenente Joselito, do 23º Grupamento Bombeiro Militar, detalhou ao Correio de Carajás que populares acionaram a Polícia Militar informando a localização do corpo. A PM, por sua vez, comunicou o endereço ao Corpo de Bombeiros.

O local foi preservado até a chegada da Polícia Civil e do Instituto Médico Legal (IML), para autorizarem a remoção do corpo, que ainda estava na água, de bruços, com as mãos amarradas e próximo a muitos galhos. Ainda segundo o tenente, o local onde Yardley foi encontrado é o mesmo em que ele foi executado, conforme pode ser observado nas imagens veiculadas.

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As buscas foram iniciadas na manhã desta terça, com apoio dos órgãos de segurança pública, incluindo a Defesa Civil. O trabalho em equipe possibilitou celeridade para identificar o local em que ele estava.

Entenda o caso

Em uma das gravações de vídeo, a vítima aparece viva, com as mãos amarradas para trás e sendo “entrevistada” por outra pessoa. Dadá assume pertencer a uma facção criminosa, mas afirma estar disposto a “rasgar a camisa”, ou seja, deixar a sigla, declarando que ela é “um lixo”. Ele confessa, ainda, que trabalhava vendendo droga para o grupo criminoso desde 2018. O responsável por gravar o vídeo e fazer as perguntas não identifica a qual grupo pertence.

O segundo vídeo já mostra o corpo de Yardley sem vida, às margens do Rio Parauapebas, não sendo possível identificar em que ponto da cidade. Nas imagens aparecem quatro homens e uma mulher que protagonizam cenas bárbaras.

Uma das pessoas bate diversas vezes com um pedaço de pau na cabeça da vítima, enquanto outros dois começam a decapitá-la com facas. A mulher e outro homem aparecem fazendo gesto do número três com os dedos. 

No último domingo (27), a mãe de Yardley procurou a 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil e registrou boletim de ocorrência, informando o desaparecimento do filho, visto pela última vez às 19h40 do dia 25, quando saiu de casa, no Bairro Liberdade, para dar uma volta na cidade. O bairro é mencionado no vídeo em que a vítima ainda está viva.

Ela informou, ainda, que um colega de trabalho do pai de Yardley chegou a vê-lo na madrugada do dia seguinte, sábado (26), no bairro em que residiam, o Liberdade.

O Correio de Carajás procurou a família de Yardley. O pai preferiu não gravar entrevista com receio dos assassinos, limitando-se a informar que o filho era uma boa pessoa e que gostava de ir à igreja.

Já o tio, que pediu para o nome não ser divulgado, relatou à Reportagem que o sobrinho saiu de casa para ir a uma festa e um colega até tentou levá-lo para casa, mas ele se recusou. Após o desaparecimento, quando a mãe procurou a delegacia, o vídeo no qual a vítima é degolada já estava circulando, mas inicialmente os familiares não fizeram o reconhecimento.

“A gente teve acesso a ele e, inicialmente, não reconhecemos. Ela (mãe) estava muito nervosa. Depois a gente foi analisar o vídeo, tivemos que fazer isso, e constatamos que era Yardley. Até então, só havia o vídeo da execução, depois veio o vídeo dele falando e dava pra perceber perfeitamente que era ele mesmo”, conta o tio.

Conforme ele, Yardley sempre negou para os familiares integrar qualquer facção, mas havia a suspeita dentro de casa. “A gente perguntava ou tentava aconselhar e ele dizia que não tinha nada, mas de vez em quando a gente percebia. Brigava, a mãe tentava de tudo para ele não participar disso, mas agora vimos o vídeo dele dizendo que tinha parte, e fala até a data da filiação”, observa.

O tio avalia a parte em que o sobrinho afirma querer deixar a facção. “Realmente ele não estava mais andando nisso, estava trabalhando, estava mais quieto, tinha casado e a mulher dele está grávida, mas infelizmente ocorreu essa tragédia”, finaliza. (Luciana Marschall – com informações de Ronaldo Modesto e Theíza Cristhine)