Correio de Carajás

Cores e obras de artista marabaense são escolhidas para homenagem em São Paulo

Portugal, Itália e Estados Unidos são países para onde telas de Elton Lobo já foram enviadas

Atualmente, as obras de Elton Lobo colorem paredes de órgãos públicos, escritórios, consultórios e residências de Marabá

Aos 47 anos, Elton Alves de Freitas, mais conhecido no meio artístico como ‘Elton Lobo’, é um artista plástico marabaense que retrata a regionalidade através de pinceladas precisas, que dão vida às obras de arte sensíveis e cheias de significado.

No último 16 de outubro, ele recebeu uma homenagem especial, lá no sudeste do País, na cidade de São Paulo. As obras do artista foram escolhidas como peças principais do Projeto Artista do Ano (PADA), na Escola Adventista Isaac Newton, Bairro Artur Alvim.

Para a reportagem do Correio de Carajás, Elton explica que anualmente um artista é escolhido para ter as obras trabalhadas pelos alunos ao longo da duração do projeto, culminando em uma exposição das obras de arte produzidas pelos estudantes, cujo tema foi batizado como “Delícias do Norte”.

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Além disso, o artista foi convidado para um evento especial do PADA, onde além de conversar com os iniciantes e tirar dúvidas, realizou a pintura de um quadro ao vivo. A obra agora faz parte do acervo da escola.

Elton Lobo e Fernanda Oliveira, idealizadora e coordenadora do PADA

Na parte da noite, ele vivenciou um momento de autógrafos, com um detalhe: a assinatura foi eternizada nas telas produzidas pelos alunos.

Sobre a metodologia de escolha dos artistas trabalhados no projeto, ele detalha que é feita uma curadoria pela internet.

“Eles olham as redes sociais, buscam cinco nomes de artistas que estão em atividade e que eles consideram relevantes e daí uma equipe faz a escolha (do homenageado)”.

Momento em que Elton assinava o quadro que produziu ao vivo para o projeto PADA

VIDA E OBRA

A jornada de Elton Lobo no mundo da arte começou por volta dos cinco anos de idade, quando levantava o colchão da cama – junto com o irmão – e desenhava no papelão que ficava ali embaixo. O pai, que já era envolvido com o mundo da arte, percebeu o dom do filho e começou a comprar materiais apropriados para a pintura. Foi aí que a vida artística de Elton deu os primeiros passos.

“Em 2004 surgiu o projeto ‘Multicampi Artes’, da Universidade Federal do Pará (UFPA), que realizava um trabalho de aguçar o que a gente já tinha (técnica e dom)”, relembra.

Ele conta que foi a partir deste momento que passou a ser chamado de artista plástico. Seu estilo foi traçado após pesquisas, até que ele encontrou com o qual se identificou, o ‘figurativo moderno’, muito utilizado por artistas nordestinos. Uma das características são as cores fortes e vibrantes, particularidade que deu a Elton a alcunha de ‘Mestre das Cores’.

Obra “O castanheiro”

“A minha identidade, o meu conceito estético é esse. Eu sou um autodidata e minhas produções são sobre temas regionais, da nossa realidade”.

Ele explica que apesar de utilizar muitas formas geométricas (padrão do estilo cubista cubismo), sua arte não é subjetiva. Logo no primeiro olhar, o apreciador da obra consegue identificar o que o artista retratou. Sobre isso, uma curiosidade a respeito das telas de Elton são os personagens pintados sem expressões faciais.

Para os leigos, uma possível interpretação desta particularidade é que a figura representa o todo, uma imensidão de pessoas de diversos tipos de formas, e não um indivíduo específico.

Obra “Pesca no Tocantins”

Sobre as técnicas, ele conta que utiliza a tinta óleo sobre tela, mas também a acrílica. “Como uso pouco a questão do volume, da sombra e da profundidade, ela é uma tinta de secagem rápida que a gente não tem problema para conseguir os efeitos”.

HÁ 12 ANOS

Em julho de 2011 o artista esteve na antiga redação do CORREIO para falar sobre a escolha de uma das suas artes para estampar o cartaz do Festival da Canção de Marabá (Fecam) daquele ano.

Pintado em 2010, o quadro que retrata uma melodia musical foi escolhido para estampar o cartaz do XVI Fecam

A escolha do desenho aconteceu quando Melquiades Justiniano da Silva, então secretário municipal de Cultura, apreciou um de seus quadros em uma exposição na Câmara Municipal de Marabá.

A matéria relata que o ex-secretário ficou tão impressionado, que na mesma hora decidiu que aquele desenho iria estampar o cartaz do concurso musical.

A obra não poderia ser mais representativa. Pintado em um fundo preto, um singelo violão marrom derrama suas notas musicais pela tela.

“É maravilhoso quando a gente faz o que gosta. Quando junta o útil ao agradável”, frisou Elton Lobo naquela época. (Luciana Araújo)