Um dos principais símbolos do Círio de Nazaré, em Belém do Pará, a corda usadas nas procissões será produzida, pela primeira vez, totalmente no estado.
O elemento deve ser doado por uma empresa de Castanhal, no nordeste do estado, à Diretoria da Festa de Nazaré (DFN), em parceria com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme).
Segundo a DFN, um protótipo de 50 metros foi produzido e agora deve passar por testes de carga. Após os testes o acordo deve ser fechado para a produção da corda utilizada nas procissões, que terá 800 metros de comprimento com partes de 40c0 metros, para cada romaria, tendo 50 milímetros de diâmetro.
Leia mais:A corda também será adaptada às estações de metal que auxiliam no traslado das berlindas durante as romarias.
“Há algum tempo iniciamos as tratativas. Visitamos a fábrica e tivemos contato com este primeiro protótipo. Estamos aguardando ainda para esta semana a entrega da amostra para a realização dos testes de carga, mas aparentemente o resultado será positivo, e após isso, deveremos fechar contrato”, comenta Antônio Salame, coordenador do Círio 2023.
Como é feita a corda
A corda utilizada nas procissões do Círio e na Trasladação, reunindo milhares de pessoas em Belém, é feita de sisal – uma fibra vegetal muito dura e resistente.
Trata-se de uma opção resistente e agradável ao tato, e por conta disso, é ideal para utilização nas procissões.
Nesta nova proposta, a corda deve ser produzida por composição de fibras de Malva e de Juta, todas plantadas e cultivadas na região amazônica.
A nova composição fica ainda mais macia ao toque das mãos, pela presença da Malva, sem, no entanto, perder resistência, em razão dos fios de Juta.
Quanto ao processo de transformação em fios, são muitos os estágios de fabricação, desde a colheita, até a produção final. Todos os processos serão realizados no Pará.
“Estamos muito felizes, pois a corda do Círio representa um desejo de nossa população em caminhar atrelado à Nossa Senhora e ao filho Jesus, e cada pessoa que participar deste processo de produção da corda, desde a semente, plantação, colheita e fabricação, se sentirá também um promesseiro da corda”, destaca Salame.
Histórico
A corda passou a fazer parte do Círio em 1885, quando uma enchente da Baía do Guajará alagou a orla desde próximo à Feira do Ver-o-Peso até as Mercês, no momento da procissão. Isso fez com que a berlinda ficasse atolada e os cavalos não conseguissem puxá-la.
Os animais então foram desatrelados e um comerciante local emprestou uma corda para que os fiéis puxassem a berlinda. Desde então, o item foi incorporado às festividades e passou a ser o elo entre Nossa Senhora de Nazaré e os fiéis.
(Fonte:G1)
Foto: Soraya Montanheiro