Correio de Carajás

Coopiuni critica ação das forças armadas

A Cooperativa de Mineradores da Vila União (Coopiuni) procurou o CORREIO para denunciar que a ação feita pelo Exército Brasileiro, em parceria com a Polícia Federal, esta semana, gerou prejuízo de R$ 6 milhões para os cooperados. Valmir Macedo, que preside a entidade, diz também que o alvo dessas operações deveria ser o desmatamento ilegal, o que – segundo ele – não é o caso da exploração de manganês na área da Vila União. A ação a que ele se refere é a “Locking Down The Hole”, que está inserida na Operação “Verde Brasil” II.

Valmir disse que não concorda com o que chamou de excessos cometidos pelas forças federais na ação da última segunda-feira (11). Segundo ele, o Decreto nº 0.341/2020, de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que pautou a operação, deveria ser direcionado para madeireiros ilegais.

Ele reclama que os militares e agentes da PF atiraram em equipamentos e destruíram veículos, inclusive de colonos que nada tinham a ver com a exploração do minério, gerando trauma na comunidade local.

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O presidente da Coopiuni também reclama que, durante a ação, não foi confeccionado nenhum laudo de apreensão do maquinário utilizado na atividade. “O que houve, na verdade, é que eles chegaram dando tiros e destruíram equipamentos. A gente acha que houve um excesso por parte das forças federais”, declarou.

A ação da última segunda contou com cerca de 30 policiais federais e 50 militares
 

Legalidade

Perguntado sobre a legalidade da atividade, Valmir explicou que a cooperativa está em fase de legalização e atua em uma área cujo direito minerário é da Vale, mas que a multinacional não está explorando e consentiu com a atividade da cooperativa.

Segundo ele, ainda não há nada formalizado entre Coopiuni e Vale. Mas, no final de 2018, a entidade apresentou uma proposta à Vale, que estava saindo do mercado de manganês, para que a mineradora repassasse essas áreas para exploração da Coopiuni. Segundo ele, essas negociações estão em curso desde aquela época.

“Como trabalhamos em sistema de cooperativa, a gente entende que podemos gerar empregos e também impostos”, explica Valmir, acrescentando que a Vale tem sido receptiva em ouvir a entidade.

Além disso, segundo o minerador, a Coopiuni já manteve contato com a Casa Civil da Presidência da República para mediar a situação. Da mesma forma, o Ministério de Minas e Energia também já foi procurado para legalizar a atividade. A justificativa da cooperativa é de que a vocação econômica da região é a mineração.

Valmir informou inclusive que a Coopiuni gera hoje 2,5 mil empregos diretos, totalizando quase 12 mil postos de trabalho, entre diretos e indiretos.

Diante da importância da atividade, os cooperados da Coopiuni pedem que autoridades locais, como prefeitos, deputados e também os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) façam uma mediação no sentido de liberar a atividade e evitar conflitos.

Danos ambientais

Perguntado se existem medidas para mitigar os impactos ao meio ambiente causados pela exploração do manganês, Valmir disse que é interesse dos cooperados recuperar os danos ambientais gerados pela atividade. Para isso, eles estão contratando uma empresa que vai fazer um estudo dos impactos, inclusive futuros, para – em cima dos resultados – apresentar um projeto de remanejamento ambiental das áreas.

Mas o minerador observa que o primeiro impacto ambiental na área se deu há 40 anos, quando houve o desmatamento da floresta para abertura de áreas de pasto. Desse modo, o manganês é explorado sem derrubada de mata virgem, mas no meio do pasto, que já sofreu impacto ambiental anterior.

SAIBA MAIS

No meio da tarde de ontem, o CORREIO enviou e-mail para a Seção de Comunicação Social da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, solicitando uma resposta para a queixa da Coopiuni, mas até por volta das 21 a mensagem não havia sido respondida. Assim que a resposta chegar, a opinião pública e a própria cooperativa serão informadas sobre a posição das Forças Armadas em relação ao caso.

(Chagas Filho)