A luta das mulheres por equidade garantiu conquistas importantes na sociedade ao longo dos anos. Uma delas é atuar em profissões antes só ocupadas por homens. Foi o que fez a tenente do 23° Grupamento Bombeiro Militar de Parauapebas, Francisca Ribeiro, que se tornou uma das pioneiras na história da corporação ao integrar a primeira turma de mulheres bombeiras do estado do Pará, em 1994.
A tenente relembra que, inicialmente. as mulheres entraram no Corpo de Bombeiros para compor o quadro de saúde de apoio no serviço pré-hospitalar, e no decorrer dos anos começaram a atuar no operacional, como no combate ao incêndio e salvamento.
No início da profissão, Francisca pensava que seria mais fácil se fosse homem, pelas dificuldades que enfrentou, a exemplo do serviço na selva, mas a experiência mostrou à tenente que “a mulher consegue desempenhar as mesmas funções do homem. Eu não digo igual ao homem, mas a gente, com treinamento e técnica, faz o mesmo serviço e com a mesma eficiência”, garante ela.
Leia mais:Somados 30 anos de profissão, Francisca confidencia que o resgate de crianças e casos de óbito nunca deixaram de comover o seu lado como mãe e mulher. “A gente vai ao banheiro e chora, mas depois enxuga as lágrimas porque é preciso seguir para outra ocorrência. Trabalhar em salvar vidas nos marca muito”, emociona-se.
Natural de Belém, a tenente conta que foi criada numa época em que a mulher era para trabalhar em casa, para servir ao marido, todavia, o pai, à frente do seu tempo, criou ela e as quatro irmãs para serem independentes e terem uma profissão.
Mesmo provando a competência, a militar revela que ainda há situações de preconceito. “Já houve várias ocasiões em que pessoas passam direto por mim, sem olhar – geralmente são homens – e dirigem-se para outros homens para perguntar quem é o responsável pela operação. Quando respondiam que era eu, ainda questionavam: Mas é ela quem está no comando?”, lamenta.
Francisca mora em Parauapebas há quatro anos, com os três filhos, sendo duas meninas e um menino, com idades entre 9 aos 13 anos, e com o marido, que também é bombeiro militar. Ela revela que sente em casa que o seu exemplo influencia as filhas a também buscarem a independência. “Sempre ensino que é importante estudar, e o que elas desejarem para a vida profissional podem alcançar com dedicação e estudo”, ressalta a tenente.
Francisca defende o poder feminino: “nós somos poderosas, só precisamos ter consciência”. No entanto, ela diz que ainda há situações em que pessoas próximas tentam desacreditar as mulheres, por isso, é preciso ter consciência da capacidade e não desistir dos sonhos. (Theíza Cristhine, colaboração Ronaldo Modesto)