O nome dele é Antônio José da Silva Souza e está no cargo de conselheiro tutelar de Marabá há 10 anos. No último domingo, 6, foi reeleito para um novo mandato de quatro, com 508 votos. Mas antes mesmo de comemorar a votação expressiva, ele tem de se mexer entre escritório de advocacia, delegacia de polícia e Imprensa para se explicar sobre uma denúncia realizada por uma mãe de uma criança por meio de rede social na véspera da eleição.
A mulher, Luana Carvalho, o acusa de extorsão e acabou publicando um texto contundente sobre isso no último sábado, 5. Além da polícia, o caso deve ser apurado pelo CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente), que fiscaliza as ações dos conselheiros, além do próprio Ministério Público Estadual.
Em sua denúncia, bastante comentada no Facebook, Luana Carvalho diz o seguinte: “Boa tarde queridos amigos, venho compartilhar com vocês, algo que me aconteceu muito desagradável, estou indignada, alguns meses atrás tiver que me ausentar por algum tempo da minha filha, então me organizei, e deixei ela com o pai dela na fazenda onde trabalha, e viajei pra encontrar trabalho, nesse período minha filha acabou indo morar com uma pessoa sem meu conhecimento, e quando arranjei trabalho e retornei a Marabá pra buscar minha filha, me deparo com essa situação, então surgiu uma pessoa que disse ser conselheiro (tutelar) e me cobrou três mil reais pra me devolver minha filha. Ameaçou me denunciar pra um juizado para menores se eu não pagasse esse valor, aí eu me deixei levar pelas conversas e paguei 1500,00 reais pra ele, e depois depossitasse (sic) mais 1500,00. Aí eu refleti esse canalha me extorquindo, aproveitando a situação, usando de má fé para me roubar. Essa pessoa chama-se Antonio José da Silva Souza”.
Leia mais:Espontaneamente, Antônio José veio à Redação do CORREIO no final da tarde desta segunda-feira, 7, para dar sua versão sobre o caso. Contou que Luana já foi acusada em outras ocasiões de dar filho para alguém cuidar e depois começa a extorquir as pessoas. “Na verdade, ela deixou a filha de dois anos com sua mãe, para cuidar, e foi embora de Marabá e falou pra avó fazer o que quisesse com a menina”.
A avó, segundo o conselheiro tutelar, deu a criança para uma pessoa bem conhecida em Marabá criar. A mãe foi embora para a cidade de Balneário Rincão, Santa Catarina. Depois, ela retornou e queria a filha de volta. Ele, como conselheiro tutelar, soube do caso e foi interceder para que a criança voltasse amigavelmente para os cuidados da genitora.
Ainda segundo Antônio José, agradecida pela forma como ele tratou o caso, documentando e sem denunciá-la às autoridades, Luana teria indagado como poderia ajudá-lo em sua campanha eleitoral. “Eu disse que o ideal seria votando, mas que isso era impossível porque ela não reside mais em Marabá. Com isso, ela prometeu me enviar uma certa quantia em dinheiro”, conta.
O conselheiro tutelar afirma que, dias depois, Luana enviou mensagem para seu celular pedindo para ele mandar o número de uma conta bancária para que ela transferisse o “presente”. O dinheiro, segundo ele, nunca foi depositado, embora tivesse mandados os dados bancários.
Depois, estranhamente, ela passou a enviar mensagens exigindo que ele devolvesse o dinheiro que teria exigido dela. “Começou a pedir R$ 5.000,00, depois R$ 3.000,00 e, por último, R$ 1.500,00. Tenho documentos assinados pela mãe dela e pelo pai da menina que testificam que ela (Luana) é acostumada a fazer isso com as pessoas”, garante o conselheiro tutelar, que disse que aceitaria a ajuda financeira porque seria usada como doação para sua campanha e que ele faria a declaração, caso tivesse recebido.
Na avaliação de Antônio José, ou tem alguém por trás de Luana Carvalho para tentar prejudicar sua eleição para conselheiro tutelar, ou a mulher apenas queria se beneficiar ao tentar extorqui-lo. “Por isso, eu fui no domingo mesmo à delegacia para responsabilizá-la civil e criminalmente”, diz. (Ulisses Pompeu)