Correio de Carajás

Comércio de máscaras de tecido em Marabá segue aumentando

No ateliê de Suely Cordeiro, a produção necessitou de reforços devido a grande demanda / Foto: Suely Cordeiro

O novo mercado de máscaras de tecido vem dando bons lucros para empreendedores do ramo de confecções em Marabá. Em diversos municípios do Pará, a obrigatoriedade dos acessórios para transitar por espaços públicos é uma realidade, além da função de barreira física contra o coronavírus, o que aumentou a procura.

O empreendedor Rafael Ribeiro começou a confeccionar máscaras de tecido há uma semana, primeiramente por encomendas de empresas que procuraram sua loja, a Rari Store, com essa demanda. “Ficamos em um expediente das 9h às 20h e produzimos cerca de 200 a 300 máscaras para encomendas recebidas. Ao mesmo tempo, aproveitamos para produzir em quantidade para deixarmos em estoque para os clientes comuns que se interessarem”, diz Rafael.

Rafael reforça que a produção das máscaras de tecido é objetivando ajudar a população a se proteger / Foto: Rafael Ribeiro

Em sua loja, as máscaras são produzidas em tecido 100% algodão e possuem dois preços, as simples que custam R$ 5,00 no varejo e R$ 3,50 no atacado a partir de 10 unidades, e as estampadas custando R$ 10,00 no varejo e R$ 7,00 no atacado, também a partir de 10 unidades. “Vale lembrar que dependendo da quantidade da demanda podemos negociar os valores para que fique acessível. A intenção é ajudar as pessoas a se protegerem!”, acrescentou Rafael.

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A demanda foi tão grande que o jovem empreendedor precisou contratar dois amigos para ajudar na confecção das máscaras. Antes, Rafael atuava sozinho, desenhando e produzindo as próprias peças de sua marca, agora conta com o reforço.

Para ajudar na produção, Rafael contratou dois amigos e os treinou para utilizar as máquinas de costura / Foto: Rafael Ribeiro

A produção, entretanto, vem enfrentando alguns obstáculos gerados pela crise da pandemia. Rafael revelou que alguns materiais utilizados na elaboração das máscaras estão ficando difíceis de encontrar no comércio. “O elástico, por exemplo, está meio difícil de encontrar. Sem falar que é notável o aumento do preço, talvez pela falta dele no comércio. Antes eu comprava um metro de elástico por 60 ou 70 centavos, hoje encontro ele por R$ 1,20 ou R$ 1,30 o metro”, relata o empreendedor.

Apesar disso, Rafael reforça que o mercado de máscaras de tecido não deve ser encarado visando apenas o lucro, mas com o intuito de ajudar na prevenção contra o coronavírus. “Em relação aos tecidos, por exemplo, eu não compro em grande quantidade, justamente para dar espaço àquela senhora que costura para complementar sua renda. Além disso, procuro deixar as máscaras em um preço acessível para que as pessoas tenham condições de adquirirem”, reforça Rafael.

Investindo em estampas desenhadas por ele mesmo, Rafael conseguiu economizar na compra de tecidos / Foto: Rafael Ribeiro

PROTEÇÃO E SOLIDARIEDADE

Não só visando a proteção da população e a renda extra com as máscaras de tecido, há costureiros e costureiras que também aproveitaram a ascensão do mercado para serem solidários com outras causas, como é o caso de Suely Cordeiro. Além de ser proprietária do Ateliê Vitória, ela também faz parte da frente da Organização Não Governamental (ONG) Focinhos Carentes, que trabalha no resgate de animais abandonados ou em situação de maus-tratos.

“A ideia de trabalhar com as máscaras surgiu desde o começo da pandemia, quando percebemos que as descartáveis estavam em falta no mercado. Essa foi uma demanda nova e que teve grande procura quando divulgamos nas redes sociais da ONG, as pessoas se encantaram com as estampas e também com a possibilidade de ajudar na causa”, explica Suely.

A cada máscara vendida, Suely destina R$ 1,00 como doação para a ONG Focinhos Carentes / Foto: Suely Cordeiro

A estratégia da empreendedora foi produzir as máscaras de tecido e comercializá-las por R$ 6,00, sendo que R$ 1,00 é destinado como doação para a Focinhos Carentes. A ação fez tanto sucesso que Suely precisou de reforços para atender a grande demanda.

“Antes eu atuava sozinha, apenas com uma costureira auxiliar. Após a produção das máscaras precisei contratar mais duas costureiras e uma assistente para anotar os pedidos. Desde a divulgação nas redes sociais da ONG, recebemos por dia uma média de 70 pedidos, sendo que varia, há dias que chegamos a 100 pedidos”, conta Suely.

Assim como Rafael, ela também notou a falta dos materiais para confecção das máscaras no comércio em Marabá. “Está faltando lugares para comprarmos os materiais, sim. Quando encontramos percebemos que os preços estão mais altos. Mas a gente espera que essa situação seja normalizada, até porque a demanda está grande e queremos atender a todos”, comenta.

A coordenadora da ONG Focinhos Carentes, Dayse Mendes, avaliou como louvável a atitude de Suely, pois devido à pandemia os trabalhos da ONG têm paralisado, contando apenas com os voluntários. “A ONG possui diversas despesas e como ela se sustenta de doações, toda ajuda é bem-vinda. Há dívidas em clínicas veterinárias onde levamos os cães, uma delas chegou há R$ 15.000,00”, disse Dayse.

Além das dívidas em clínicas veterinárias, há também contas de energia e as funcionárias de serviços gerais que zelam pelo espaço onde os animais ficam. “Esperamos que a pandemia passe logo para que possamos voltar a realizar os resgates. Por enquanto, contamos com as doações, como a da ação das máscaras, para manter o máximo possível”, finaliza Dayse.

SOBRE AS MÁSCARAS

O Ministério da Saúde diz que as máscaras de tecido são úteis contra o coronavírus, mas precisam seguir algumas especificações em sua confecção, como serem feitas pelo menos com duas camadas de pano, ou seja dupla face, além de serem utilizadas individualmente, sem compartilhar. Os materiais podem ser tricoline, TNT ou outros tecidos, sendo que o mais eficiente é o algodão.

Também é importante que a máscara seja feita nas medidas corretas cobrindo totalmente a boca e nariz e que estejam bem ajustadas ao rosto, sem deixar espaços nas laterais. Para saber mais informações sobre como utilizá-las, confira a reportagem com instruções publicada pelo Portal Correio. (Zeus Bandeira)