Correio de Carajás

Comerciantes de Marabá cravam “virada de jogo” neste final de ano

Faltando menos de uma semana para o Natal, consumidores e lojistas ainda não sentiram a temperatura da festa de fim de ano em Marabá. Nos principais centros de compra do município, a quantidade de colaboradores na porta e a decoração singela confirmam o efeito da baixa demanda sobre o ânimo do comércio em uma época costumeiramente marcada por recordes de venda. Ainda assim, a data tem sido explorada, mesmo que de forma retraída, em diversos estabelecimentos. As ofertas mais generosas se concentram nos setores de calçados, confecções e bijuterias. Apesar disso, há muita esperança de que isso mude. A expectativa é de virada de jogo ocorra na véspera, para aquisição de presentes.

Na avaliação de Raimundo Alves da Costa Neto, vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Marabá (Sindicom), a pandemia não impede o consumidor de ir às compras, visto que os estabelecimentos estão cumprindo as normas sanitárias. “Nós não podemos alimentar uma expectativa ruim com relação ao movimento do comércio neste período tão importante, principalmente nós que conduzimos uma representação. Vemos com bons olhos a demanda para o Natal deste ano, sobretudo porque temos notado uma variante positiva desde o início do mês. Além disso, por recomendação também do sindicato, todos seguem respeitando as medidas adotadas no combate à covid-19”, argumenta ele.

Raimundo Neto, do Sindicom, é otimista com relação ao movimento do comércio local

Conforme Neto, a carência de programação de réveillon, o benefício emergencial e o décimo terceiro salário garantem ao consumidor a fuga do pretexto de que não há recurso para a compra de donativos. Para ele, grande parcela do movimento natalino se concentra nos últimos três dias para a data. “Teremos um excelente Natal, com certeza. Os comerciantes estão otimistas com as vendas, jamais olhando para baixo ou para o passado. Inclusive, a maior parcela dos lojistas renovou o estoque. Isso prova que a expectativa é alta para as vendas nos próximos dias”, sustenta.

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Raimundo Neto relata que uma das estratégias adotadas pelos comerciantes para driblar a perda de público é a extensão do horário de funcionamento até as 22h, para contemplar aqueles que não podem comprar durante o dia. “Na Cidade Nova, por exemplo, uma iniciativa já foi amplamente divulgada na mídia. A priori, houve conflito com um acordo firmado entre sindicato e trabalhador, mas já foi resolvido e o comércio local já está funcionando no expediente noturno”, comenta o dirigente.

O dirigente sindical assegurou, quando questionado pelo repórter do CORREIO, que o horário de funcionamento do comércio da Marabá Pioneira também sofreu alterações. “O comércio da Marabá Pioneira, assim como de outros núcleos da cidade, também foi autorizado a esticar a escala de trabalho. Essa ação, intermediada pelo Sindicom, tem impacto positivo sobre as vendas do período natalino e igualmente sobre os números do emprego, porque as lojas estão contratando temporários para suprir a demanda”.

A Reportagem percorreu, sem dificuldade pelas calçadas, lojas dos mais variados setores no Centro Comercial da Marabá Pioneira. No Super Baratão das Confecções e Calçados, situado em frente à Praça Duque de Caxias, o movimento no caixa era tranquilo na tarde de sexta-feira (18). O locutor Milton Nunes era quem convidava a freguesia com o microfone na mão e a caixa do som do lado, em linguagem apelativa. “As pessoas deixam sempre para comprar na última hora. Até aqui, o movimento tem sido satisfatório, na média. Claro, esperamos mais pessoas nos próximos dias, até o Natal”, enfatiza.

Milton Nunes, locutor do Super Baratão: “As pessoas deixam sempre para comprar na última hora”

Ainda durante a passagem da equipe, colaboradores da Plataforma Calçados eram vistos desanimados na porta da loja, apoiados sobre caixas de sapatos em promoção. Walace Augusto de Arraes Silva foi quem atendeu repórter do veículo, que aproveitou o momento para comprar um sapato novo. Em meio à venda, ele lamentou o desaparecimento dos consumidores do Natal. “De fato, o movimento está reduzido na comparação com anos anteriores. Talvez até o Natal isso mude”, espera ele.

Walace Silva ajudou repórter do Jornal a escolher sapato e lamentou o movimento

Na Xing Ling Variedades e Importados, na Avenida Antônio Maia, o colaborador Tales Soares recebia clientes de forma animada, apesar da baixa quantidade de pessoas transitando pela calçada. “Mesmo diante das dificuldades impostas pela pandemia, a nossa loja continuou atuando pelo delivery. Isso foi um diferencial, que é marca da Xing Ling em Marabá e região. Nós já esperávamos um movimento menor neste Natal, mas não podemos esmorecer. Temos confiança em boas vendas”, penhora.

Tales Soares, colaborador da Xing Ling da Marabá Pioneira, não perde a animação com o público

A ambulante Hillary Maia, que marca território na feira da Avenida Getúlio Vargas, alega que o movimento ainda está aquém do que era observado em anos anteriores, em parte por conta do contexto pandêmico. “O movimento está baixo, mas já esteve pior. Nem parece que é Natal. Acredito que isso tenha relação com o receio das pessoas com a covid-19, tanto que aqui eu vendo mais máscaras”, demonstra a vendedora.

Máscaras são o principal produto vendido pela ambulante Hillary na Getúlio Vargas

Já a consumidora Adriana Nascimento Amorim, que passou a tarde caminhando pelas lojas daquele núcleo, declarou tranquilidade na compra dos presentes. Ela caminhava com cinco sacolas, de estabelecimentos diferentes, repletas de mimos para familiares. “É tradição comprar o presente dos filhos e sobrinhos. Estou percebendo que muita gente deixou de vir por conta da pandemia, mas com todos os cuidados não há perigo. Que todos tenham um Natal de muita saúde”, deseja. (Da Redação | Colaboração de Evangelista Rocha)