Correio de Carajás

Com paralisação do Salobo, Marabá perderá R$ 7 milhões

Empresa suspendeu as operações na mina por conta de um incêndio em uma correia transportadora. Prejuízos da mineradora podem chegar a R$ 685 milhões

Outubro começou com gosto amargo para a Vale no Pará. Primeiro, foi a paralisação da mina de Onça Puma. Agora, a mineradora anunciou que a extração de minério de cobre no Projeto Salobo, em Marabá, também está foi descontinuada. E essa última notícia é tão ruim para a Vale quanto para o município onde a mina está localizada.

A Vale informou ao mercado, nesta quarta-feira, 6, que na terça, 5, suspendeu as operações na mina por conta de um incêndio em uma correia transportadora.

A empresa fez questão de deixar claro que não houve vítimas nem danos ambientais e que a retomada da atividade na mina deve ocorrer até o final deste mês de outubro.

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Em nota, a Vale disse que o incêndio atingiu parcialmente a correia transportadora e o fogo foi controlado pelas equipes de emergência. O local afetado está passando por avaliação e as causas do incêndio estão sendo apuradas, segundo a Vale.

As demais atividades, incluindo operações de mina e manutenção, continuam normalmente. Em 2020, Salobo produziu 172,7 quilotoneladas de concentrado de cobre.

Mas além desses números, repassados pela própria Vale, a Reportagem do CORREIO fez outros cálculos, com ajuda do engenheiro de minas André Santos, que acompanha de perto a produção da mineradora e o mercado deste segmento.

Segundo ele, a Vale perde, em um mês de Projeto Salobo paralisado, cerca de R$ 685 milhões. Já Marabá, deixa de arrecadar algo em torno de R$ 7 milhões com royalties, mas essa fatura a menor só deve impactar nas contas do município em dezembro próximo.

Todavia, André Santos ressalva que Marabá tem uma espécie de “poupança” guardada nos cofres da ANM (Agência Nacional de Mineração), que não fez o repasse ao município referente à apuração dos meses de maio a setembro. “Marabá ainda tem cerca de R$ 20 milhões para receber, na cota dos 15% dos municípios afetados pelos projetos de mineração da região”, destacou.

Todavia, o engenheiro de minas, que também é jornalista, faz questão de ressaltar que a projeção de valores é complexa porque a produção mineral não tem ritmo constante mensalmente, já que depende da cotação de produtos que são precificados pelo mercado internacional.

“No caso do cobre, cuja tonelada está hoje em 9.145 dólares (80 vezes mais que uma tonelada de minério de ferro), o mercado é muito sensível a uma paralisação de um projeto tão importante, como o Salobo, que é o maior do país no ramo de cobre em concentrado”, ressalva.

É por isso que o especialista André Santos faz apenas um cálculo médio, com base no comportamento da produção mensal este ano, para dizer que a Vale deixará de produzir em um mês de paralisação cerca de R$ 685 milhões.

E ONÇA PUMA?

Outro projeto da Vale que está paralisado é o da mina de Onça Puma, em Ourilândia do Norte. A mineradora foi notificada da suspensão da licença de operação pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) com base em descumprimento de condicionantes da licença ambiental.

Segundo alegou a Semas, a licença de operação nº 7592/2013 da empresa Vale S.A., na mina de Onça Puma, foi suspensa pelo não cumprimento de condicionantes especificadas na referida licença, relativas à disponibilidade de estrutura de fibra ótica nos municípios de Ourilândia do Norte, Tucumã, Água Azul do Norte, Parauapebas e São Félix do Xingu, bem como à implantação de unidade de saúde na região.

Segundo André Santos, no caso de Onça-Puma, cujo principal produto é níquel, um mês de paralisação implica perda de ganhos da ordem de R$ 16 milhões à empresa sobre a commodity. “O níquel não é produto da gama principal da Vale. Além disso, não é tão abundante como o minério de ferro. A produção total de níquel dela no Pará este ano está em R$ 150 milhões”, explica.

(Ulisses Pompeu)