Correio de Carajás

Com overdose de brega, Fogo no Rabo vai atrás do campeonato estadual

Competição vai acontecer neste domingo, em Curionópolis, para onde o grupo junino marabaense segue

Em 2023, a Fogo no Rabo apostou na envolvência do brega como tema de suas apresentações/Foto: Jordão Nunes

Nos próximos dias 8 e 9 de julho acontece o Concurso Nacional de Quadrilhas, em Canaã dos Carajás, e a junina marabaense Fogo no Rabo está focada em garantir esse troféu. Ademar Dias, conhecido como Ademar da Santa Rosa, é o coordenador geral do grupo e antecipou ao CORREIO a diretoria fez um planejamento de três meses com foco inicialmente na competição estadual. O segundo lugar no municipal, para eles, já era até esperado.
Mas apresentação levada para a arena do 36º Festejo Junino marabaense não tinha tudo que eles guardaram para o estadual (etapa classificatória para o nacional).

O pré-nacional, concurso a nível de estado, será realizado entre os dias 30 de junho e 2 de julho, em Curionópolis, momento em que a Fogo (como também é conhecida) apostará todas as suas fichas – e cartas na manga – com o intuito de garantir uma vaga na disputa nacional. “Nosso objetivo não era ser campeão municipal, mas estadual. Ficamos até surpresos com a nossa colocação, não usamos nem metade da nossa estrutura de fogos, de iluminação, deixamos tudo para esse estadual. Estamos trabalhando muito duro”, detalha ele.

Momento em que os passos do brega se misturam com a coreografia da junina/Foto: Jordão Nunes

Focado, o coordenador acentua que caso a junina chegue à etapa nacional, o Pará será perfeitamente representado. “Pode aguardar, que se ganharmos, nós vamos representar muito bem o nosso estado, defendendo a nossa cultura, não a nordestina”. Com o comentário, Ademar faz uma reflexão sobre a cultura de uma outra região, sendo mais ressaltada do que a paraense por algumas juninas. “Marabá tá querendo copiar algo que não é nosso, que é do Nordeste. Se valoriza demais a cultura nordestina e se esquece da nossa”.

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Para fechar com chave de ouro, a junina monta uma aparelhagem na arena/Foto: Jordão Nunes

O ideal da exaltação da cultura paraense é reforçado no tema que a Fogo no Rabo está trabalhando na temporada atual: “Meu coração é brega”. Em todos os quesitos de sua performance a junina evidencia as marcas do estilo musical tão característico do Pará. Seja nas saias das brincantes, cujo colorido remete aos neons das festas dançantes, seja na trilha sonora composta pelas músicas marcantes, ou ainda na aparelhagem que surge no final da apresentação, a Fogo traz uma overdose de brega para a arena. “Nosso tema é envolvente demais, é muito explosivo, e é a nossa cara. Algo que é nosso, da nossa cultura do Pará”, reflete Ademar.

A junina levantou a plateia com as músicas marcantes presentes em sua trilha sonora

Caso seja vitoriosa em Curionópolis, a junina parte para Canaã dos Carajás, onde irá disputar o concurso nacional com juninas de outros 20 estados, e de mais uma do Pará. Por sediar o certame, o estado tem o direito de ter duas representantes.

Em seu rol de troféus, a Fogo no Rabo ostenta 11 títulos municipais, 25 intermunicipais e dois estaduais. Agora, a junina corre atrás do inédito título nacional.

As saias coloridas remetem ao neon presente nas festas de aparelhagem/Foto: Jordão Nunes

A 2ª COLOCAÇÃO

Na manhã de quinta-feira, 29, o Cine Marrocos (Marabá Pioneira), foi palco da apuração das notas do concurso junino de Marabá e o resultado surpreendeu e repercutiu pelos quatro cantos da cidade. A junina Fuá da Conceição fez um arrastão e faturou todos os prêmios da competição: melhor junina do grupo A; melhor marcador; melhor casal de noivos e melhor rainha.

Para o CORREIO, Ademar não contesta a vitória da Fuá, pelo contrário, parabeniza a campeã, mas explica que em todos os anos em que o corpo de jurados foi composto por nomes vindos da capital paraense, ele sempre trabalhou obedecendo às observações que eles realizavam. “Nós fomos surpreendidos pela mudança dos jurados, porque trabalhamos a vida inteira (tanto eu, quanto as quadrilhas de Marabá, as antigas principalmente), em cima das observações e critérios dos jurados do Estado”.

Este ano, a organização do evento optou por trazer três jurados tocantinenses e um maranhense, para julgar o evento.

Ademar pontua que a cultura do Tocantins e Maranhão, ainda que tenham festejo junino, é diferente da paraense. Ele afirma que vai estudar as orientações dos jurados, para melhorar sua junina no próximo ano. (Luciana Araújo e Ulisses Pompeu)