Correio de Carajás

Coledocolitíase

É definido pela presença de cálculo no ducto biliar comum. Geralmente é de causa secundária, ou seja, os cálculos se originam na vesícula biliar e acabam migrando para o colédoco em 95% dos casos.

Os cálculos da via biliar podem ser classificados como primários se originarem no ducto biliar comum – cálculos marrons – muito comum em pacientes asiáticos, podendo também estar ligado a vários fatores como: estenose biliar, papilite crônica, colangite de repetição, disfunção do esfíncter de Oddi, colangiopatia pancreática.

A maioria dos pacientes é assintomático cerca de 85% a 90% dos casos, podendo ser diagnosticado durante uma colangiografia intraoperatória durante uma cirurgia de retirada da vesicula. Quando o quadro não é sintomático, pode ser caracterizada por dor em epigástrio ou hipocôndrio direito, geralmente em cólica, podendo irradiar para o ombro direito.

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Além disso, há icterícia, colúria e acolia fecal, secundários a obstrução do colédoco. Pode haver ainda náuseas ou vômitos associados aos quadros álgicos. Complicações comuns associadas ao quadro consistem em pancreatite ou colangite.

A ultrassonografia é o primeiro exame de imagem a ser realizado, permitindo a visualização do cálculo no colédoco em 50-60% das vezes. A dilatação das vias biliares com colédoco maior de 8 mm é um sinal indireto da presença do cálculo. A tomografia (TC) pode ser realizada, porém, não visualiza com precisão os cálculos na via biliar, identificando apenas dilatação da via biliar intra e extra-hepáticas.

A colangiorressonância é o exame de escolha para o diagnóstico, pois apresenta alta sensibilidade (95%) e especificidade (98%) estando indicada na maioria dos casos suspeitos. A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) ainda é o padrão-ouro no diagnóstico de coledocolitíase, porém, só é realizada naqueles pacientes com alto índice de suspeição devido ser um método invasivo e passível de complicações.

Entretanto, permite tanto o diagnóstico como tratamento imediato , tipo papilotomia sem ou com exploração endoscópica das vias biliares e colocação de prótese. A colangiografia intraopera-tória pode ser utilizada nos pacientes com moderado risco de coledocolitíase, permitindo o diagnóstico durante a colecistectomia em pacientes com fatores de risco associados para presença de cálculos.

A ultrassonografia endoscópica , apresenta sensibilidade e especificidade semelhantes a colangiorressonancia e à CPRE, porém é um exame de alto custo e de menor disponibilidade.

O tratamento da coledocolitíase deve ser individualizado, pois, dependendo de cada caso, pode ser executado por modalidades terapêuticas diferentes ou combinadas. Além disso, deve-se levar em consideração a disponibilidade dos equipamentos e capacidade técnica dos profissionais.

A CPRE com esfincterotomia endoscópica e extração dos cálculos é eficaz no tratamento da colelitíase e deve ser o método de escolha nos pacientes com colecistectomia previa com exames e clínica sugestivos de litíase. Está ainda indicado, também no pré-operatório de colecistectomia quando há a concomitância de coledocolitíase.

Caso a CPRE não seja realizada no pré-operatório, pode-se optar por exploração da via biliar, esta podendo ser por via laparoscópica ou por via aberta. A esfincteroplastia transduodenal (EPTD) é realizada quando há impossibilidade de retirar os cálculos impactados na via biliar quando não há disponibilidade da CPRE.

Em situação semelhante, porém, com dilatação da via biliar, pode ser necessário descompressão da via biliar através de uma anastomose biliodigestiva. Pacientes com alta probabilidade de cálculos na via biliar, a realização de colangiorressonancia ou colângio intraoperatória está indicada e evita a CPRE, uma vez que metade desses pacientes não apresentam mais cálculos.

Quando o paciente apresenta probabilidade moderada de cálculos como história de icterícia previa, colúria, acolia ou pancreatite sem alterações clínicas atuais ou com exames de laboratório e de imagens normais está indicado a colangiografia transoperatória.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.