Correio de Carajás

Cinco dicas de como checar uma mensagem falsa

O 1º de abril é considerado em todo o mundo como o “dia da mentira”. E o dia seguinte (2 de abril) tem se firmado, aos poucos, como o Dia Internacional da Checagem de Fatos. Já é o terceiro ano em que ele é comemorado.

Aproveitando as duas datas, a equipe do Fato ou Fake preparou cinco dicas básicas para verificar se uma foto, um tuíte, um vídeo, um post ou um texto são falsos. É preciso atenção aos detalhes, calma na hora de compartilhar e um pouquinho de investigação para chegar à verdade. Confira:

1. Essa foto é real? Como fazer uma busca reversa de imagens

Se a imagem estiver publicada na internet, é possível clicar sobre ela com o botão direito do mouse e escolher a opção “procurar imagem no Google”. A busca vai revelar as outras vezes que a imagem foi publicada. Por esse caminho, é possível saber se a imagem compartilhada é antiga e foi usada para construir a informação apresentada como nova ou se é, de fato, recente, de algo que acabou de acontecer. Da mesma forma é possível saber se a imagem é de uma localidade diferente daquela narrada pela mensagem a ser checada.

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Veja o exemplo desta imagem no contexto da mensagem:

Texto que circula diz que caso ocorreu no Brasil — Foto: Reprodução

Texto que circula diz que caso ocorreu no Brasil — Foto: Reprodução

O primeiro passo é saber se a imagem já foi publicada na internet em outra época ou em outra parte do mundo, identificando ocorrências anteriores.

Se a imagem a ser pesquisada não estiver publicada diretamente na internet e estiver por exemplo no WhatsApp, ainda assim é possível fazer a busca. Basta salvar a imagem no computador e depois fazer uma pesquisa no Google. É necessário abrir a caixa de busca e escrever “pesquisar imagem”. Uma caixa de busca do Google com um câmera fotográfica dentro vai aparecer na tela.

Em seguida, basta colocar no Google a imagem salva no computador (procurando em uma pasta de arquivos ou arrastando a foto). Se houver imagens similares antigas ou em outros locais, elas aparecerão em seguida.

No caso da imagem escolhida, o resultado é claro: o caso ocorreu no México, não no Brasil.

 — Foto: Rodrigo Sanches/G1

— Foto: Rodrigo Sanches/G1

2. Esse tuíte é real? Como checar contas e fazer busca uma avançada

Ao receber o print de um tuíte atribuído a uma personalidade, a primeira atitude é conferir se o perfil tem o símbolo azul de conta verificada.

O endereço que começa com @ é igual ao endereço conhecido da mesma conta? A imagem do print tem alguma mancha que indique montagem do endereço? A foto é equivalente à imagem conhecida do mesmo perfil? O número de seguidores e de postagens bate com o perfil da personalidade ou empresa? As informações sobre o site do autor da conta levam de fato à página do autor da conta?

Veja o exemplo desta mensagem:

Mensagem atribuída a Gleisi Hoffmann — Foto: Reprodução

Mensagem atribuída a Gleisi Hoffmann — Foto: Reprodução

Nela, foi atribuída à deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) uma declaração sobre uma greve de caminhoneiros.

Mas é fácil perceber que foi feita uma montagem sobre um tuíte original da deputada. Na reprodução, parte da letra “g” no nome de usuário da deputada está cortada e o mesmo ocorre na palavra “dia” e na data escrita na postagem.

Além disso, o número de curtidas que aparece no “print” é muito próximo ao registrado na publicação original que a deputada fez no dia 20, na qual não há qualquer menção a uma possível paralisação de motoristas de transportes de carga.

Quando há dúvida, é possível fazer ainda uma busca avançada no Twitter.

O Twitter mostra um formulário onde é possível preencher um campo com o endereço do autor da conta a ser verificada. No caso, @gleisi. E em outro campo, dá para verificar se a autora já postou algo contendo determinada palavra (caminhoneiros).

Na tela seguinte, é possível verificar quando e em que circunstância aquela palavra foi publicada em tuítes daquela personalidade. No caso em questão, é possível verificar que a palavra caminhoneiros, atribuída à presidente do PT, não foi dita por ela no Twitter em 2019.

O resultado da checagem: a frase não foi postada pela parlamentar na rede social.

 — Foto: Rodrigo Sanches/G1

— Foto: Rodrigo Sanches/G1

3. Esse vídeo é real? Como checar a procedência das imagens

Também é possível checar vídeos que circulam em redes sociais.

Veja o exemplo desta imagem:

Mensagem sobre avião que caiu na Etiópia que circula na web — Foto:  G1

Mensagem sobre avião que caiu na Etiópia que circula na web — Foto: G1

Quando o vídeo está publicado no Facebook, é possível descobrir o endereço clicando com o botão direito do mouse sobre o vídeo e na opção mostrar a URL do vídeo.

Quando o vídeo está no WhatsApp é possível baixar uma versão do vídeo no computador.

O passo seguinte é submeter o vídeo a uma ferramenta de análise de vídeo. É possível fazer isso colando a URL do vídeo na caixa de busca. Outra opção é “subir” o vídeo salvo no computador diretamente na ferramenta de busca. Uma extensão gratuita para o navegador Chrome permite que seja colocado na caixa de busca o link do vídeo publicado no Youtube, Facebook ou Twitter diretamente para verificação. A ferramenta permite várias formas de análise do vídeo e fornece um relatório dos detalhes encontrados.

Uma das principais funções dessa ferramenta de verificação é a separação do vídeo em vários frames ou telas. A partir desses frames ou telas é possível verificar se o mesmo vídeo já foi publicado outras vezes na internet, em outros lugares, épocas e idiomas. Neste caso, éfazer busca reversa de 10 imagens ou frames em três buscadores diferentes: Google, Yandex e Tineye.

Um dos frames pesquisados leva a links variados. Em seguida, é preciso selecionar entre eles os links de jornais confiáveis que podem relatar notícias relacionadas àquela imagem. Quando o link aparece em outro idioma, dá para clicar com o botão direito do mouse e pedir que o navegador traduza a notícia.

Neste caso específico, é simples: o vídeo é de outro acidente, ocorrido com outro modelo de avião e em outro país.

 — Foto: Rodrigo Sanches/G1

— Foto: Rodrigo Sanches/G1

4. Esse post é real? Como verificar contas e efetuar buscas

É possível verificar a autenticidade de páginas atribuídas a empresas e pessoas no Facebook. Se a página tiver um selo azul ao lado do nome do usuário, isso significa que o Facebook confirma que esse é o perfil autêntico da personalidade. Mas dá para ir além. Olhar detalhes como o número de seguidores ou de curtidas e a data de criação é essencial para ver se combina com o perfil conhecido.

Outra dica: clicar na aba “sobre” e analisar se o perfil indica corretamente outros endereços da mesma personalidade (o perfil dela em outras redes sociais, site, telefone, nome da empresa etc).

Para pequenos ou médios negócios na plataforma, vale conferir os comentários nas publicações, assim como a data de criação da página e se ela passou por mudanças de nome na aba “Informações e Anúncios”.

É preciso atenção. Algumas mensagens falsas fazem montagens usando como base imagens reais de perfis verdadeiros e colando em cima delas os conteúdos falsos. Por isso, é importante confirmar diretamente na conta se aquela publicação de fato existiu.

No Instagram, o único método oficial de realmente se certificar de que uma conta é de quem ela diz ser é através do selo de verificação. O selo significa que o Instagram confirma que uma conta é a presença autêntica da figura pública, da celebridade ou da marca global que representa. Também vale verificar o número de seguidores e interações com outras contas.

Veja o exemplo deste post:

Página que se passa pela do Guanabara — Foto: Reprodução

Página que se passa pela do Guanabara — Foto: Reprodução

Não é a primeira vez que essa página se passa como a oficial dos Supermercados Guanabara. Seguindo algumas das recomendações e ligando o desconfiômetro, a resposta aparece logo: a página não é do Guanabara e as informações não procedem.

Posts — Foto: Rodrigo Sanches/G1

Posts — Foto: Rodrigo Sanches/G1

5. Esse texto é real? Como efetuar buscas com trechos e palavras-chave

A última dica é sobre verificar se um texto publicado na internet apresentando algo como novidade realmente é atual ou se foi escrito há tempos, em outro contexto.

Veja o exemplo destas mensagens:

Mensagem viral sobre o Hospital do Homem — Foto: Reprodução

Mensagem viral sobre o Hospital do Homem — Foto: Reprodução
Mensagem sobre reajuste anunciado pelo Banco Central — Foto: Reprodução

Mensagem sobre reajuste anunciado pelo Banco Central — Foto: Reprodução

Como não apresentam data, o tempo dessas mensagens parece sempre atual. Mas uma pesquisa revela quando o texto vem sendo repetido ano após ano.

No Facebook, é possível fazer a checagem colocando um trecho da mensagem entre aspas na caixa de busca. Antes de apertar a lupa, basta clicar na aba publicações e pesquisa a data da publicação, voltando a anos anteriores. Se a mensagem diz que algo “acabou de acontecer” ou está prestes a se concretizar, não faz sentido que tenha sido publicada em anos anteriores.

No Twitter, basta colocar parte do texto entre aspas na caixa de busca e aguardar os posts. Ao rolar a tela para baixo, é possível ver as mensagens mais antigas com a mesma expressão. Há ainda a opçãopesquisa avançada.

No Google, é possível colocar a expressão entre aspas na caixa de buscas e selecionar a aba ferramentas, que permite escolher o ano a ser pesquisado. Também dá para ver se a mesma expressão remete a vídeos ou fotos. Se a expressão já foi checada e apontada como #FAKE, esse resultado também será exibido na busca. Há ainda a opção pesquisa avançada do Google.

Uma pesquisa efetiva inevitavelmente dirá: ambas as mensagens são falsas. O Hospital do Homem não vai fechar por falta de pacientes e o Banco Central não anunciou nenhum reajuste de energia.

 — Foto: Rodrigo Sanches/G1

— Foto: Rodrigo Sanches/G1

(Fonte:G1)