Correio de Carajás

Cigarros eletrônicos

Envoltos em um designer moderno, os cigarros eletrônicos possuem diferentes cores, sabores e aromas. Nosso objetivo é de alerta para os perigos relacionados ao uso de Dispositivos Eletrônicos para Fumar, também conhecido como cigarros eletrônicos ou vaporizadores.

      Disfarçados por uma infinidade de sabores e aromas, os cigarros eletrônicos dão, à primeira vista, a ideia de serem uma boa alternativa. Principalmente por parecerem, acima de tudo, inofensivos à saúde. Os vaporizadores, como assim também são chamados, ganharam um espaço muito rápido principalmente entre os mais jovens, reacendendo o debate sobre o tabagismo.

      Por ser mais prático, ter uma aparência mais tecnológica e atrativa e não causar aquele incômodo do cigarro tradicional sobretudo pela diferença de odor, os eletrônicos passaram a ser socialmente aceitáveis em diversos ambientes, principalmente em festas e eventos.

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      Tudo isso é motivo de sobra para fazer com que os usuários nem sequer se considerarem fumantes, intensificando ainda mais o uso. Mas tem um lado dessa história que provavelmente não te falaram e que está por trás de todo esse vapor com aroma de menta ou de chiclete.

      Apesar de parecerem menos prejudiciais que o cigarro tradicional, especialistas alertam que eles oferecem riscos iguais ou até mesmo piores à saúde. Além da nicotina, os dispositivos eletrônicos possuem substâncias cancerígenas e aditivos tóxicos.

      Os cigarros eletrônicos são maléficos à saúde e não são seguros. Não há registros confiáveis sobre os tipos de substâncias e as concentrações que estão presentes nos cartuchos. Os Dispositivos Eletrônicos para Fumar possuem substâncias tóxicas além da nicotina e podem causar doenças respiratórias.

      A pneumologista e coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo do HM do Ceará, Penha Uchoa, explica que, por ter uma aparência mais moderna e não gerar o odor característico do cigarro tradicional. Por este motivo o dispositivo eletrônico passou a ser, em parte, socialmente aceito em diversos ambientes, sendo consumido principalmente por jovens.

      É preciso enfatizar que o cigarro eletrônico pode ser tragado de uma forma mais rápida e mais frequente e já dispõe de cartuchos que possibilitam o indivíduo dar 200 tragas em um curto espaço de tempo, o que corresponde a tragadas de 20 cigarros, ou seja, um maço de cigarro convencional, ressalta Penha.

      Enquanto a versão de papel queima por combustão, os cigarros eletrônicos funcionam à base de vaporização. Ao ser aquecido, o líquido existente no dispositivo gera um vapor, que é aspirado e expirado pelo usuário. Em ambos os tipos, a concentração de nicotina acaba sendo equivalente, podendo chegar até 18% em alguns eletrônicos.

      Os danos à saúde podem surgir a curto e longo prazo. Os cigarros eletrônicos são responsáveis por causar doenças respiratórias e pulmonares, como a insuficiência respiratória aguda grave, enfisema pulmonar, doenças cardiovasculares, dermatites e câncer.

       Durante a pandemia de Covid-19, além dos perigos citados, a curto prazo, o uso do cigarro eletrônico pode aumentar os riscos de contaminação pelo coronavírus. Ao fumar, o indivíduo potencializa o risco de contaminação por vírus, pois leva a mão várias vezes à boca, pontua Penha Uchoa, que ainda alerta para o hábito nocivo de compartilhar os vaporizadores.

       As pessoas costumam se encontrar em ambientes fechados, por tempo prolongado e compartilham o cigarro eletrônico entre o grupo, isso aumenta o risco de contaminação tanto de Covid-19, quanto de outros vírus, como a herpes e a hepatite, por exemplo.

       De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são responsáveis por 428 mortes diárias no Brasil e aproximadamente 156 mil óbitos anuais.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.