A forte chuva que começou a cair no início da madrugada desta quinta-feira (18), e seguiu ao romper da manhã, causou alguns pontos de alagamento na zona urbana de Marabá.
Oficialmente, as equipes da Prefeitura Municipal identificaram transtornos no final da Avenida Antônio Vilhena, no Bairro Independência; no final da Avenida Manaus, próximo à área conhecida como “Tabocas”; e nas Folhas 15 e 16, às margens da grota existente na região.
Nas Folhas 20 e 28, às margens da Grota Criminosa, também houve problemas em trechos que ainda não passaram por revitalização. O Correio de Carajás esteve no local e conversou com moradores, que se dizem cansados de enfrentar a água que invade as residências a cada inverno amazônico.
Leia mais:Cosmo Rodrigues Pinto, de 58 anos, mora há 20 anos no local e diz já esperar a galeria encher sempre que a chuva cai com força. “Tem anos que está essa situação e o prefeito e os vereadores não vêm aqui pra dar uma força pra gente”, reclama. Conforme ele, parte dos moradores costuma cobrar solução e a imprensa já divulgou o problema diversas vezes, mas nada foi feito.
Por conta própria e tentando aumentar a segurança, Cosmo decidiu aumentar o nível da própria casa. “A água entrava de um lado e saía do outro. Depois que a gente construiu, graças a Deus, não aconteceu mais isso, mas nossos colegas aqui todos têm esse problema ainda. Todas as vezes que chove os vizinhos ficam no prejuízo”, observa.
Aldeirce Santos Pereira, de 30 anos, também mora há muito tempo na região e precisa encarar os alagamentos com uma deficiência na perna e cuidando de uma filha também deficiente. “A gente sai perdendo tudo, perde o pouco que tem. É esperar, se Deus ajudar, que o prefeito faça alguma coisa por nós porque não aguentamos mais”, desabafa.
Essa madrugada, diz, foi de desespero e choro na casa dela. “Eu levantei já com a água dentro de casa, muitas vezes a gente nem dorme. Hoje, quando eu me despertei, já foi pelo cheiro forte dentro de casa. Quando olhei o banheiro já estava alagado”, relata, acrescentando que a água costuma subir em menos de 15 minutos, restando pouco tempo para que ela reúna e salve alguns pertences. “É horrível, é triste. Eu choro de desespero”, lamenta.
Maria Valdemira também destaca a recorrência da situação. “Toda vez que chove é assim, a Grota Criminosa enche, transborda e entra pras nossas casas. Eu não tenho mais nada, nada, nada, nada, nada. A única coisa que sobrou na minha casa são as coisas de madeira”, diz a mulher que mora no local há 14 anos.
Conforme a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Marabá, as regiões ribeirinhas são as que mais sofrem com as chuvas e com os pontos de alagamento, considerados aqueles nos quais a água da chuva se acumula e não é escoada. Desde cedo, acrescenta o órgão, há quatro equipes de limpeza, com máquinas, trabalhando nos locais afetados.
Apesar dos alagamentos identificados, a Prefeitura Municipal destaca que pontos historicamente problemáticos, como trechos das avenidas Boa Esperança e Manaus, assim como grotas das Folhas 20, 22 e 23 e Quilômetro 07, não sofreram alteração após melhorias realizadas ao longo do último ano.
Em alguns pontos, como na Avenida Manaus, foi detectado acúmulo de lixo, o que colabora com o entupimento de bueiros e, consequentemente, com o surgimento dos pontos de alagamento. Conforme a Prefeitura Municipal, nenhuma pessoa ficou desalojada.
A previsão do tempo para esta quinta, conforme o Clima Tempo, é haver aberturas de sol à tarde e pancadas de chuva que vão até à noite. Nos próximos dias também estão previstas pancadas de chuva. Até ontem, quarta-feira (17), a cidade havia atingido 47% da média mensal de chuva, que é de 405 milímetros para fevereiro.
Por enquanto, o município não vislumbra problemas relacionados à enchente, consequência das cheias dos rios. Na manhã desta quinta o nível do Rio Tocantins estava em 7.12 metros. A cota de emergência é de 10 metros e a partir disso pelo menos 300 famílias ficam desalojadas.
O município divulga os números para emergência em caso de alagamentos. Para a limpeza de grotas, os números são (94) 99263-1919 e (94) 98159-5050 e atendem entre 8 e 18 horas. Além disso, há o número do Departamento de Postura – (94) 99155-2425 – que atende em plantão de 24 horas. (Luciana Marschall – com informações de Evangelista Rocha)