Correio de Carajás

Chicago elege sua primeira prefeita negra e gay

A ex-promotora federal Lori Lightfoot, de 56 anos, derrotou na terça-feira (2) Toni Preckwinkle. Ela será a primeira prefeita negra e gay a administrar Chicago, a terceira maior cidade dos Estados Unidos. Sua posse acontecerá em 20 de maio.

Lightfoot, que jamais ocupou um cargo eletivo, recebeu 74% dos votos enquanto Preckwinkle, encarregada do condado de Cook, teve apenas 26% dos votos (dados preliminares).

Desde 1837, os eleitores de Chicago elegeram apenas um prefeito negro e uma prefeita mulher. Outras sete mulheres negras, atualmente, são prefeitas nas principais cidades do país, como Atlanta e Nova Orleans.

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Durante a campanha, Lightfoot prometeu livrar a prefeitura da corrupção e ajudar as pessoas de baixa renda e da classe trabalhadora, que foram “deixadas para trás e ignoradas” pela classe política dominante da cidade.

“Enfrentamos interesses poderosos. Hoje vocês conseguiram mais do que fazer história, criaram um movimento para a mudança”, disse Lightfoot em seu discurso da vitória, acompanhada por sua esposa e filha.

Ela ainda afirmou que os moradores de Chicago estão vendo uma “cidade renascida”, um lugar onde a etnia e “quem você ama não importam”.

“Juntos nós podemos e faremos de Chicago um lugar onde o seu código postal não determina o seu destino. Nós podemos e vamos quebrar o interminável ciclo de corrupção desta cidade e nunca mais permitir que os políticos lucrem com seus cargos”, afirmou Lightfoot.

Ainda na noite de terça, Preckwinkle ligou para parabenizar Lightfoot por uma “campanha muito disputada”, de acordo com a Associated Press.

“Embora eu possa estar desapontada, não desanimo. Por um lado, esta é claramente uma noite histórica. Não muito tempo atrás, duas mulheres afro-americanas competindo por esse cargo teria sido impensável”, disse Preckwinkle, que atuou por 19 anos no conselho municipal.

Lori Lightfoot beija sua mulher, Amy Eshleman, após discurso da vitória por ter sido eleita prefeita de Chicago — Foto: Kamil Krzaczynski / AFP Photo
Lori Lightfoot beija sua mulher, Amy Eshleman, após discurso da vitória por ter sido eleita prefeita de Chicago — Foto: Kamil Krzaczynski / AFP Photo

Violência

Nesta metrópole de 2,7 milhões de habitantes, diversos grupos se queixam há anos das disparidades nas condições de vida entre as comunidades da extensa cidade.

O distrito financeiro, as áreas do norte e as zonas às margens do lago Michigan viveram um boom econômico.

Porém a cidade enfrenta o problema da violência armada que mata mais neste tradicional reduto democrata do que em qualquer outra grande cidade americana. Mais de 500 pessoas foram assassinadas no ano passado.

Intensificada por gangues e pelo narcotráfico, a violência afeta diretamente os bairros mais pobres do sul e do oeste, a maioria deles de população negra.

Lightfoot substituirá Rahm Emanuel, que já foi um astro do Partido Democrata e o primeiro chefe de gabinete da administração Obama na Casa Branca.

Emanuel decidiu não se apresentar para um terceiro mandato depois de sofrer alguns arranhões políticos pela gestão das investigações sobre a morte de Laquan McDonald.

Em 2014, o policial branco Jason Van Dyke disparou dezesseis vezes contra Laquan McDonald, um adolescente negro de 17 anos, que segurava uma faca, embora estivesse bem afastado do agente.

A divulgação tardia, em 2015, de um vídeo mostrando a morte do adolescente despertou a ira da população e desencadeou meses de manifestações.

Emanuel enfrentou, então, acusações de tentativa de acobertamento.

Depois disso, ele afastou o chefe da polícia e embarcou em uma reforma que instituiu algumas mudanças, trabalhou para recuperar a confiança pública e reduzir a violência armada.

Jason Van Dyke foi condenado em janeiro a cerca de sete anos de prisão.

(Fonte:G1)