Correio de Carajás

Carteiro tem o seu dia comemorado neste sábado

Faça chuva, faça sol, ele entrega cartas, mensagens e encomendas aos seus devidos destinatários. Neste sábado, dia 25 de janeiro, é comemorado o Dia do Carteiro, profissional responsável por levar às pessoas, além de correspondências, mensagens de amor e paz. Um trabalhador de valor histórico que, em meio aos avanços tecnológicos e ao surgimento de outros meios de comunicação, continua sendo uma figura insubstituível na sociedade.

O Jornal CORREIO esteve no Centro Logístico Grande Carajás, situado na Folha 33, núcleo Nova Marabá, para ouvir as histórias que os homenageados da data têm para contar.

Wady Belich Neto é um dos carteiros mais experientes em atividade no município. Com 43 anos de idade e mais de 15 de Correios, ele conta à Reportagem como lidou com seus primeiros dias na empresa. “Eu incorporei nos Correios em 2004, então com 28 anos. No início, foi um pouco difícil — em função dos endereços —, mas eu consegui me adaptar ao trabalho, graças a Deus”, celebra.

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Wady Neto é carteiro há mais de 15 anos (Foto: Vinícius Soares)

Para ele, a data é uma forma de reconhecimento. “Eu tenho convicção de que toda profissão deve ser valorizada. Mesmo com todas as dificuldades que nós temos em questão de logística, conseguimos desenvolver nossas atividades de modo a satisfazer o destinatário. Então valorizar a nossa profissão seria a maneira de gratificar o nosso trabalho diário”, pontua Wady.

Ainda conforme Wady, as mensagens que os carteiros levam não se limitam a boletos, cartas e documentos. “Como dizia o poeta Millôr Fernandes, o carteiro é que tem a mensagem, mas nós procuramos, para além disso, anunciar o amor e a paz”, fala.

NOVOS DESAFIOS

Embora a modernidade praticamente tenha extinguido a troca de correspondência por cartas entre as pessoas, a emissão de documentos e a entrega de objetos via e-commerce encontra na logística da empresa pública federal um meio para fazer chegar aos mais distantes centros urbanos do Brasil as encomendas de um negócio que não para de crescer, a venda a distância de produtos e serviços.

Sobre esse tema, o gerente do Centro de Distribuição, Rubens Silva Nogueira, que trabalha há quase 20 anos nos Correios, afirma que o número de encomendas tende a subir em função das compras pela internet. “Nós vivemos o boom tecnológico e o novo mercado tem alterado a dinâmica organizacional dos Correios. Um exemplo disso são as vendas pela internet, modalidade que tende a subir”, estima.

Só em Marabá, cerca de 5 mil objetos são entregues diariamente via PAC e SEDEX. Já os números das encomendas simples — como cartas, boletos e documentos — são ainda maiores: aproximadamente 20 mil chegam aos destinatários todos os dias na cidade.

ESPAÇO FEMININO

Muito se engana (e, às vezes, se impressiona) quem imagina no papel de entregador de cartas e objetos apenas a figura masculina. Exemplo disso é que seis mulheres atuam nos Correios de Marabá atualmente.

Trajada de amarelo e azul, geralmente a pé ou de bicicleta, Iracema Vieira da Silva — uma das carteiras da “Terra de Francisco Coelho” — vê o trabalho como um troféu. “É uma grande conquista na minha vida, sobretudo por ser mulher. O mundo dos carteiros era um meio destinado aos homens e nós provamos que podemos fazer um trabalho tão bom quanto o deles. Somos minoria ainda, mas é bom participar desta classe”, comenta.

Para Iracema, no entanto, as carteiras ainda sofrem com o estigma da indiferença por parte da sociedade. “Nós temos as nossas normas de trabalho, mas o fato de a população não conhecê-las acaba fazendo com que alguns não se agradem com o nosso serviço, o que buscamos entender”, declara.


Iracema: uma das seis mulheres do universo de carteiros de Marabá (Foto: Vinícius Soares)

OBSTÁCULOS E HEROÍSMO

Um problema antigo dos carteiros são os cachorros, que, por serem muito territoriais, acabam atrapalhando as entregas. O servidor Maxwell Costa Miranda, tratado por “Max”, que tem 29 anos, sendo 10 destes dedicados aos Correios, comenta sobre o obstáculo e sua experiência com os animais.

“Já tive alguns incidentes com cães domésticos, porém o problema maior é com o de rua. Algumas pessoas ficam com dó e colocam comida e água para eles em suas portas, e o cachorro acaba achando que aquele espaço é seu e ataca a qualquer sinal de invasão”, queixa-se. Ainda segundo ele, os carteiros podem colocar a encomenda no chão caso o cachorro tenha o costume de atacar a caixa postal para evitar levar uma mordida.

Entre uma encomenda e outra, os carteiros também têm seus dias de herói, ajudando os moradores a evitar acidentes e até salvando vidas. “Um dia eu estava entregando as cartas normalmente e escutei um som abafado, vindo de um carro estacionado. Cheguei mais perto, porque o vidro estava embaçado, e vi uma mulher me pedindo ajuda através de sinais. Ela sinalizou para eu ir à cozinha e pegar a chave do carro, pois estava presa junto com o filho. Abri o carro e ela me agradeceu muito”, conta Maxwell.

SAIBA MAIS

O Dia do Carteiro é celebrado nesta data em homenagem à criação do Correio-Mor da Monarquia Portuguesa no Brasil, em 25 de janeiro de 1663, ocasião em que Luiz Gomes da Matta foi nomeado o primeiro carteiro do País.

O carteiro também pode ser chamado tropeiro, estafeta, carregador de mala postal e inspetor de serviço postal, antigos nomes que, com suas peculiaridades, marcaram diferentes épocas da história postal brasileira, sendo cada um reflexo de seu tempo. (Vinícius Soares)