Seis meses após uma cirurgia plástica de redução de mama, em 2016, Elisângela Lima, de 41 anos, começou a sentir um pequeno nódulo no seio. Acreditando ser algo decorrente da cirurgia, foi até o médico que realizou sua operação, e ele informou que havia costurado a mama por dentro, e o que ela estava sentindo provavelmente era um queloide interna, que não precisava se preocupar.
“Eu fiz exames pré-operatórios, biopsia da mama que foi retirada e não deu nada. Realmente eu achava que era da cirurgia plástica”.
Um ano depois, o caroço continua lá e começou a incomodar e uma coceira na mama era algo rotineiro. A consulta agora foi com um ginecologista. O diagnóstico, segundo o médico, era uma fibroadenoma – tumor benigno muito comum em mulheres jovens – que era normal na idade fértil. “Mais uma vez ouvi que não era pra eu me preocupar”.
Leia mais:Dois anos sentindo o incômodo, Elisângela começou a ver a ponta do nódulo visível em seu seio. Era hora de procurar outro médico, agora um mastologista, especialista em glândulas mamárias. “Ele olhou e viu que não era normal, e fui fazer uma biopsia”, relembra.
Confiante que não era nada grave, a mulher acreditava que era algo decorrente da cirurgia plástica feita em 2016, e suspeitava que o cirurgião havia deixado algo dentro da mama.
Ao pegar o resultado da biopsia, em nenhum momento teve medo do resultado, porque não passava pela cabeça a suspeita de câncer. “Meu esposo pediu para abrir o resultado, e quando ele estava lendo eu olhei pra e vi os olhos dele cheios de lágrimas”.
Segundo Elisângela, foi desesperador. Sem plano de saúde, o mastologista que a atendeu, em uma consulta particular, informou que ela não poderia mais perder tempo. O nódulo estava com 6 centímetros, quase do tamanho de uma laranja.
“Eu senti como se fosse a minha sentença de morte. Achei que fosse morrer, porque na minha família já tinham dois casos de câncer e todas duas morreram. Então, pra mim, era a morte também”, conta Elisângela, que foi diagnosticada com câncer de mama aos 38 anos.
Tratamento
O tratamento foi realizado em Tucuruí, na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon). Com a clínica recém-inaugurada, Elisângela teve rapidez em seu tratamento. “Percebo que muitas mulheres morrem não só pelo câncer, mas pela demora em iniciar o tratamento. Imagina, eu havia esperado dois anos pra começar por causa de erro de diagnóstico”, lamenta.
A primeira sessão de quimioterapia foi muito dolorosa. Doze dias depois, o cabelo começou a cair e o choro veio inapelável. “Eu não queria ficar careca. Mas não tinha outra opção. E aí a minha família inteira ficou careca, meus irmãos, irmãs, cunhadas. Era a família dos carecas”, conta sorrindo.
Ao se olhar no espelho, veio a grata surpresa. Elisângela gostou do que viu e foi aí que percebeu que precisava reagir e não poderia se entregar à tristeza.
“Comecei a reagir melhor. Estava me entregando para a doença”, afirma, relembrando que foi nesse período que conheceu o Grupo de Apoio Esperança.
Medo
“Na quarta sessão de quimioterapia tive muitos efeitos colaterais, e naquele momento eu achei que não fosse aguentar. Ainda faltavam doze sessões. Chamei meu esposo e falei que não queria mais fazer quimio. Pensei em desistir, mas minha família não deixou”, se referindo ao marido, Francisco Ribeiro da Costa, com quem é casada há 16 anos, e também à filha, Maria Eduarda Lima da Costa.
Superação
Depois das sessões de quimioterapia, Elisângela passou por uma cirurgia, e foi para Belém fazer 28 sessões de radioterapia. “Voltei pra casa achando que já tinha terminado, mas não foi assim. Fiquei fazendo acompanhamento de três em três meses, porque poderia ter reincidência. Ficava me tocando, com medo da doença voltar”.
Além disso, Elisângela começou a se sentir só, porque no período do tratamento a família – que mora longe – esteve muito próxima, dentro da sua casa, cuidando e fazendo companhia. Com a finalização do tratamento, cada um voltou para sua casa.
“Fiquei muito mal. E só melhorei com a atividade física. Hoje faço parte de um grupo de corrida e um grupo de pedal. A atividade física me devolveu a alegria de viver”.
Assim como os exercícios, o Grupo Esperança também continua ajudando Elisângela. “Assim como foi bom pra mim, eu imagino que fazendo parte dele, posso ajudar outras pessoas”, diz. (Ana Mangas)
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