O mês de julho é marcado pela campanha de prevenção e combate ao câncer de cabeça e pescoço, um dos mais incidentes no Brasil e que pode ser classificado entre câncer da cavidade oral, de faringe, laringe e tireoide. A doença ainda pode atingir os seios da face, glândulas salivares e linfonodos localizados no pescoço.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 1,5 milhão de novos casos de câncer de cabeça e pescoço surgem por ano. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta que 685 mil novos casos desse tipo de câncer surgiram entre 2020 e 2022. Entre os homens, o tumor mais comum é o de boca, enquanto entre as mulheres é o de tireoide.
O médico oncologista Fernando Chalu Pacheco, responsável pelo setor de oncologia do Hospital Regional Público de Castanhal (HRPC), unidade referência no tratamento de câncer na região nordeste do Pará, explicou que o câncer de cabeça e pescoço é o quinto mais incidente no Brasil, tanto em homens quanto mulheres, causando cerca de 10 mil mortes ao ano.
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“Os fatores de risco que contribuem para o aparecimento desse tipo de câncer são o tabagismo, consumo de álcool e a infecção pelo vírus HPV (Papilomavírus Humano), o qual é de transmissão sexual. Para minimizar os riscos, é importante evitar o tabagismo, usar o álcool com moderação e praticar sexo de forma segura (com proteção). Essas ações ajudam a evitar e reduzir a incidência.
Os sintomas mais comuns associados ao câncer de cabeça e pescoço são nódulos no pescoço ou feridas na cavidade oral que não cicatrizam, dor de garganta que irradia para o ouvido, e sangramento pelo nariz ou pela boca sem uma razão aparente. Aftas ou feridas que não cicatrizam em lábios, bochechas, gengiva, língua ou amígdalas; manchas na pele da região da cabeça e pescoço; alterações na voz; rouquidão e emagrecimento sem causa aparente, são sintomas que podem sugerir esses tipos de câncer.
O médico explicou ainda que 70% dos casos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil são descobertos em estágio avançado e isso se deve à falta de informação sobre a doença. O diagnóstico precoce possibilita que o tratamento seja iniciado rapidamente, reduz a necessidade de cirurgias com ressecção mais amplas e aumenta muito as chances de cura.
“É também extremamente importante que pessoas tabagistas e com hábitos sexuais de risco passem por avaliações anuais, a fim de detectar precocemente este tipo de câncer”, comentou Chalu.
Tratamento – Para o câncer inicial de cabeça e pescoço, o indicado é a cirurgia seguida de radioterapia. Para o câncer avançado localmente, ou seja, aquele que ainda não deu metástases, a quimioterapia associada à radioterapia ou a quimioterapia de indução seguido de radioterapia são os mais indicados.
Ainda sobre o HPV, o médico explicou que há uma conexão entre o HPV (Papilomavírus Humano) e certos tipos de câncer de cabeça e pescoço. “O vírus do HPV tem relação com o câncer de orofaringe, que é o que afeta a base da língua, o palato mole, as amígdalas e a parte lateral e posterior da garganta. Pacientes com câncer de orofaringe, HPV positivo, têm melhor prognóstico, ou seja, maior chance de cura que os HPV negativos. Por isso, relacionamos a vacina contra o HPV à melhora de pacientes que enfrentam esse tipo de câncer”, detalhou.
Prevenção – Pesquisas científicas demonstram que uma dieta rica em frutas, legumes, verduras, grãos integrais e feijões e menos carne vermelha ou carnes processadas ajudam tanto na prevenção do câncer em geral, e do câncer de cabeça e pescoço em particular, quanto na não recorrência da doença para os pacientes que passaram pelo tratamento.
“Por isso, manter uma dieta saudável e atividades físicas são hábitos de vida que ajudam a combater qualquer tipo de doença. Evitar o fumo e o álcool e adotar a prática sexual com proteção são fundamentais não só para prevenção do câncer de cabeça e pescoço, mas também como de todos os tipos de câncer”, finalizou o médico.
Serviço:
Atualmente, o atendimento dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) inicia nas unidades da Atenção Primária de Saúde, com a oferta de serviços nos municípios e, podendo, conforme necessidade, ser encaminhados para tratamento com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia no Hospital Ophir Loyola (HOL); Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo e nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia do Hospital Universitário João de Barros Barreto, Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) e Hospital Regional de Tucuruí (HRT).
(Agência Pará)