Correio de Carajás

Canaã segue o líder Parauapebas e mergulha no lockdown

É segue o líder que fala, né? Sim, Parauapebas não é Flamengo, mas é o líder disparado no número de casos de covid-19 na região de Carajás (são 42.152). Por isso e pela falta de leitos, o prefeito Darci Lermen (MDB) fez prevalecer lockdown desde o último domingo, 21. Três dias depois, a vizinha Canaã dos Carajás mergulha no mesmo caos e também decreta isolamento forçado com fechamento do comércio não essencial.

No Hospital de Campanha montado para combater a covid-19 em Canaã dos Carajás, o número de internados está chegando ao limite máximo. Dos 38 leitos, 80% já estão ocupados e com pacientes em estado grave. O blogueiro Pedro Reis é um deles. O profissional sofreu parada cardíaca, teve de ser intubado e não tem para onde ser transferido.

Nos últimos três dias, Canaã registrou mais de 150 novos casos do novo coronavírus. O número de mortos chegou a 63 desde início da pandemia. Tudo isso associado à falta de UTI na cidade, obrigou a prefeita Josemira Gadelha (MDB) a decretar mais um lockdown no município. O novo decreto foi anunciado em uma entrevista coletiva nesta terça-feira (23).

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“Chegamos ao ponto de agora não termos para onde transferir nossas pessoas que estão internadas, intubadas. Não temos mais leitos disponíveis nem em hospital particular”, lamentou Josemira Gadelha.

A restrição máxima começa a valer a partir desta quarta-feira (24) e terá duração de 12 dias. Os serviços não essenciais como bares, restaurantes, casas de shows e igrejas estão proibidos de funcionar em todo o município, assim como a circulação de pessoas pelas ruas da cidade, sem justificativa.

“Isso nos impõe tomar medidas cada vez mais duras. Esse nosso decreto pede para que você fique em casa. Vamos evitar aglomeração e manteremos abertos apenas os órgãos essenciais, como farmácias e supermercado, por exemplo, explicou a gestora.

As empresas que desobedecerem ao decreto estarão sujeitas à multa diária de até 50 mil reais e os cidadãos poderão ser punidos em 150 reais se forem pegos fora de casa e não justificarem por que estão na rua.

Nos casos permitidos de circulação de pessoas, é obrigatório o uso de máscara em qualquer ambiente público.

A fiscalização será feita por uma força-tarefa composta por 36 servidores públicos. Nos pontos de acesso ao município, serão montadas barreiras sanitárias. Sobre o risco de colapso da rede pública e privada de saúde em Canaã, a gestora disse que o município já está em processo de terceirização de leitos e equipes de UTIS para conter as mortes por covid-19. Só não soube informar quando isso será realidade.

“Estamos esperando as empresas disponibilizarem especialistas para que possamos contratar esses profissionais de saúde”, relatou a prefeita.

Adriano Lima trabalha com venda de móveis nas ruas. Segundo ele, a medida da prefeitura pode até conter o avanço do vírus, mas vai prejudicar o comércio. “Quero saber como vou pagar minhas contas e sustentar minha família”, reclamou o comerciante informal.

Cauê Silva vende picolé para ajudar no sustento da casa. “Não sei o que vou fazer se tiver de parar”, refletiu o ambulante. E Marabá que se cuide, uma vez que o terceiro município com maior arrecadação através da mineração nesta região também vive dias difíceis e flerta com o colapso. (Nyelsen Martins e Ulisses Pompeu)