Correio de Carajás

Canaã: Dona de casa se diz humilhada após procurar Unidade de Saúde

A dona de casa Maria Leude Vieira, de 39 anos, procurou na terça-feira (29) a sede do Grupo Correio de Comunicação, em Canaã dos Carajás, para reclamar do tratamento recebido ao procurar a Unidade de Referência para Sintomáticos Covid 19, no Bairro Novo Horizonte. Com lágrimas nos olhos relatou ter aguardado quase três horas e saído sem atendimento da unidade.

Conforme ela, após ter passado a noite com sintomas de Covid-19 esteve em outra unidade para realização de um exame já agendado. Após ser atendida, foi orientada a procurar a unidade de referência, onde teve início a sequência de fatos que a fez deixar o local chorando.

“Eu cheguei lá 9h35 e 9h38 passei pela triagem. Sentei esperar e quando era 11h45 não tinha sido atendida. Quando cheguei eu era a quinta pessoa na fila. O tempo passou, passou, eu fui lá perguntar do atendimento e informaram que tinha uns casos mais críticos que o meu”, conta.

Leia mais:

Ela diz que na primeira vez entendeu e retornou para o local onde estava sentada.  Após mais um tempo percebeu os próprios atendentes se questionando por que ela não havia sido atendida ainda. Novamente ela interpelou uma servidora, afirmando que todo mundo já havia sido atendida menos ela.

“Falou de novo que tinha uns casos mais críticos que o meu e eu esperei. Mas acontece que não tinha mais ninguém para ser atendido”. Quando já estava cansada de aguardar, Maria Leude disse ter pegado o telefone e pedido que o marido fosse buscá-la. Neste momento, funcionários afirmaram que ela não poderia sair.

A mulher alegou que já estava tarde e que estava sentindo fome, além de ter passado à noite em claro por não estar se sentindo bem. Uma funcionária então afirmou que arrumaria um prato de comida para ela poder aguardar e que era o horário de almoço dos médicos, que só retornariam à tarde.

A situação, afirma, foi humilhante. “Eu falei que não fui lá ver a estrutura do posto de saúde, mas por estar passando mal. Não fui porque eu estou passando fome, fui porque estou querendo um atendimento. Eu comecei a chorar lá na porta”, relembra. Por fim, Maria Leude disse ter saído do local informando que denunciaria o atendimento.

Ao chegar em casa, recebeu telefonema de um servidor assumindo que havia ocorrido um erro no sistema. “Eu tava marcada pra médico nenhum, tava só o meu nome lá, ela disse que houve um erro no sistema”. A equipe ofereceu um veículo para busca-la e novamente Maria Leude se sentiu ofendida. “Nós temos veículo, só queria receber o atendimento”.

De acordo com Leude, o caso não foi isolado e outra mulher saiu da zona rural para passar o mesmo que ela, aguardando horas pelo atendimento. “Me sinto sim muito humilhada. Não só eu como todos que estavam lá”, finaliza.

POSICIONAMENTO

O Correio de Carajás solicitou posicionamento da Prefeitura Municipal e a assessoria de comunicação confirmou que a paciente foi triada às 09h58 relatando febre, cefaléia, adinamia e lombalgia sentidas há cerca de oito dias. Entretanto, a administração alega que a mulher apresentava sinais vitais estáveis, sendo classificada na faixa azul. O município destaca que, segundo o Ministério da Saúde, esta classificação permite a espera por 240min, o que equivale a até quatro horas.

O município alega estar utilizando o sistema operacional e-SUS que passou por atualização no último dia 21 de setembro 2020. Desde então, afirma a nota, estão sendo registrados alguns contratempos e um deles aconteceu com a Maria Leude. “Foi lançada e triada, porém não apareceu na lista de atendimento, sendo o motivo pelo qual o médico não a chamou”, diz o posicionamento.

Ainda conforme a ascom, quando a falha foi detectada a paciente recebeu explicação sobre a classificação e foi ofertado alimento, mas ela “recusou a ser atendida pelo médico e se retirou, recusando o atendimento médico às 11h57min”.

Dezessete minutos depois, acrescenta, a equipe entrou em contato com a usuária e ofertou veículo para buscá-la, o que ela recusou. Por fim, o município lamentou não ter podido atender e satisfazer a expectativa da paciente. (Luciana Marschall)