Correio de Carajás

Caixa não paga DPVAT em Marabá, diz advogado

Desde que o seguro passou a ser gerenciado pela Caixa Econômica, ninguém conseguiu mais receber em Marabá. Caixa diz que é preciso analisar caso a caso.

O seguro DPVAT foi criado para indenizar vítimas de acidentes de trânsito/Foto: Evangelista Rocha

Desde que a Caixa Econômica Federal (CEF) passou ser responsável pelos processos do seguro DPVAT – Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores – as pessoas que requerem o recebimento desse direito têm encontrado enormes dificuldades para receber o dinheiro. Para se ter uma ideia, em Marabá, este ano, a Caixa ainda não pagou nenhum DPVAT. Quem denuncia é o advogado Diego Adriano Freires, que atua em processos relativos ao recebimento do seguro.

Segundo ele, até 2020 os processos do DPVAT ficavam sob a tutela de um conglomerado de seguradoras, mas por decisão do governo federal a CEF foi incumbida de conduzir os processos. Acontece, porém, que esse é um produto novo para o qual o banco estatal não está devidamente pronto para gerenciar.

“Hoje em Marabá as três agências da Caixa Econômica não têm pessoas com capacidade para lidar com essa ferramenta e isso tem prejudicado imensamente a população marabaense, de maneira geral. A Caixa não tem funcionários, não sabe lidar com o produto, são diversas reclamações”, denuncia o advogado.

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Ainda de acordo com ele, a Caixa apostou na tecnologia com uso de aplicativo para atender às pessoas que querem receber o DPVAT, o que é uma iniciativa boa, mas o banco se esqueceu de um detalhe. “No Brasil há 46 milhões de pessoas que não têm smartphone, então as pessoas encontram dificuldade, é uma barreira muito grande”, reafirma Diego Freires.

Advogado Diego Freires desafia Caixa a apresentar alguém que tenha recebido o DPVAT/ Foto: Evangelista
Advogado Diego Freires desafia Caixa a apresentar alguém que tenha recebido o DPVAT/ Foto: Evangelista

“Nós fazemos até um desafio pra Caixa: se tiver alguém indenizado por seguro DPVAT em Marabá, que ela apresente, porque são diversas reclamações sobre esse atendimento”, desafia o advogado, ao acrescentar que um levantamento feito entre janeiro e maio deste ano mostra que, no Brasil, mais de 9 mil beneficiários em casos de óbitos estão sem receber a mais de 100 dias da data do pedido na Caixa. Além disso, existem mais de 25 mil processos de pessoas que sofreram fraturas e também não receberam o seguro.

Entre as pessoas que ainda aguardam pelo DPVAT a autônoma Milena Ferreira. No dia 28 de janeiro um acidente tirou a vida do pai do filho dela, o músico Elielson Pereira Fernandes, mais conhecido como Liel Fernandes. De lá para cá, ela vem tentando receber o seguro e nada. Segundo Milena, os entraves burocráticos têm sido grandes e a cobrança por vários documentos cansa quem precisa do recurso. “É um direito, é um direito nosso”, reclama.

Milena Ferreira está indignada com a situação: “É um direito nosso”/Foto: Diego Costa/TV Correio
Milena Ferreira está indignada com a situação: “É um direito nosso”/Foto: Diego Costa/TV Correio

O CORREIO entrou em contato com a assessoria de Comunicação da Caixa Econômica, em Belém, e a resposta que foi dada é que é necessário fornecer os nomes e CPFs das pessoas que estão reclamando da demora do recebimento do DPVAT para que a agência pesquise caso a caso, para saber a situação de cada processo. (Chagas Filho)