Correio de Carajás

Burgo do Itacaiunas foi o embrião do município de Marabá

No alvorecer de sua história, Marabá se desenvolveu, paralelamente, a partir de duas comunidades diferentes – uma no chamado Pontal, em cuja localização fica atualmente o bairro Francisco Coelho; e outra na margem esquerda do Tocantins, denominada Burgo Agrícola do Itacaiunas, um lugar distante 18 quilômetros – descendo rio abaixo – da atual sede urbana do município.

Pelo que conta a história, o Burgo surgiu primeiro, tendo sido fundado em 5 de agosto de 1895. O Pontal, que posteriormente se tornaria Vila Marabá, tem como data oficial de fundação o dia 7 de junho de 1898, ocasião em que o maranhense de Grajaú, Francisco Coelho, teria se mudado da colônia agrícola na margem esquerda do Tocantins para a foz do Itacaiúnas.

Na verdade, o surgimento do Burgo tem motivações que remontam a 1894. Neste ano, segundo alguns historiadores, o coronel Carlos Gomes Leitão, da Guarda Nacional Republicana, enxotado em meio a um conflito armado da cidade de Boa Vista do Tocantins, hoje Tocantinópolis (TO), foi parar em Belém, em busca de apoio financeiro para fundar uma colônia agrícola nos rincões ainda pouco desbravados do sudeste paraense. Ao tempo que seguiu para a capital, enviou para a região um grupo de pessoas formado por parentes e seguidores, o qual se instalou nas imediações do rio Itacaiúnas, num local denominado “Quindangues”.

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A permanência em Quindangues não durou nem um ano. Acossados por uma onda de febre (provavelmente malária) que atacou várias famílias, os colonos se viram obrigados a procurar outro local, indo instalar-se na margem esquerda do Tocantins, onde, ao retornar de Belém, Carlos Leitão fundou o Burgo Agrícola do Itacaiunas, a 5 de agosto de 1895.

Um ano mais tarde, de acordo com relato do deputado provincial Ignácio Batista de Moura, havia no Burgo 222 pessoas. Mas a colônia entrou em decadência. A perspectiva de expansão da atividade agrícola foi sufocada pelo interesse dos colonos por duas novas atrações: a exploração do caucho e a coleta de castanhas-do-pará.

Assim, em 1897, passados apenas dois anos da fundação do Burgo, o expedicionário francês Henri Anatole Coudreau (1859-1899) encontrou no vilarejo apenas 80 moradores.

Crescimento

De acordo com o livro “Viagem ao Tocantins” (autor desconhecido), escrito por ocasião da visita à região do então secretário geral do Estado, Deodoro Mendonça, logo após a grande enchente de 1926, 7 de junho de 1898 foi o dia em que Francisco Coelho, após também deixar o Burgo, instalou-se no Pontal. Para outros autores, a data é tida como o dia em que o comerciante maranhense inaugurou a casa de comércio “Marabá”, estabelecimento que acabaria por emprestar à futura cidade o seu nome definitivo.

Ao passo que o Burgo vai se definhando, o pequeno povoado denominado Pontal, localizado na confluência dos rios Tocantins e Itacaiunas, experimenta uma dinâmica inversa. Ali, cresce sem detença o número de casas; crescimento esse impulsionado pelo movimento de embarcações no porto em frente à Praia do Tucunaré, de onde saíam os carregamentos de caucho e castanha, rio abaixo e rio acima.