Belém faz aniversário neste sábado (12). A história de cidade começa em outra capital, a vizinha São Luís, no Maranhão: foi a partir dela que a coroa portuguesa planejou conquistar uma terra nova no vale do rio Amazonas, para garantir proteção contra invasores de outras partes da Europa.
Quando os portugueses desembarcaram na Amazônia trataram logo de erguer uma fortaleza às margens da baía do Guajará. O povoado que se formou ao redor do forte, conhecido por todos nós hoje como Forte do Castelo, chamou-se, inicialmente, Feliz Lusitânia. Com o tempo foi recebendo outros nomes como Santa Maria do Grão Pará, Santa Maria de Belém do Grão-Pará e finalmente Belém do Pará, a primeira capital da Amazônia. Da convivência entre colonizadores, negros e índios, a cidade foi ganhando forma e identidade própria.
Na época da fundação da cidade a baía era um grande mangue, e o que chamava a atenção era a elevação do terreno, perfeita para a construção de uma base que protegesse a entrada da Amazônia. Um local de difícil acesso, mas que parecia muito com o território onde foi erguida São Luís.
Leia mais:O lugar de Belém que melhor simboliza essa mistura de povos é tão antigo quanto a fundação da cidade, há 403 anos. Nasceu como posto de fiscalização da coroa portuguesa para arrecadar impostos das mercadorias que abasteciam a colônia. Naquela época, se chamava ”Casa de Haver o Peso”. Era tanta gente circulando por lá, trazendo seus hábitos, suas crenças e os mais diferentes produtos da floresta, que o lugar acabou se transformando num grande mercado popular – um retrato da cultura paraense.
“Haver o Peso”, na boca do povo virou “Ver o Peso”, atualmente o maior mercado a céu aberto da América Latina. Por lá, os índios ensinaram que da mandioca tudo se aproveitava. Foram eles que também trouxeram frutas como o açaí.
O período mais glorioso da capital paraense também teve o dedo de Portugal. No início do século 19, os barões do ciclo da borracha fizeram de Belém uma das cidades mais desenvolvidas do Brasil.
Das aldeias também vieram as ervas que prometem cura e sorte. E é através delas que o mercado faz tanto sucesso. Passeando pelos diversos corredores, rostos populares logo são reconhecidos, como o de dona Coló e Beth Cheirosinha. Erveiras famosas quando o assunto é a potencial mistura milagrosa: o banho de cheiro.
O sotaque do paraense é outra marca registrada. E esse falar característico da capital paraense, como não poderia deixar de ser, tem origem na mistura dos índios com os portugueses e vêm se transformando ao longo do tempo, com expressões, gírias e palavras novas.
Belém é mundialmente conhecida por sediar uma das maiores manifestações da fé católica do mundo: o Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Realizado sempre no segundo domingo de outubro, Belém se cobre de cores, ritmos, sabores e fé, famílias inteiras se reúnem para saudar a Padroeira dos Paraenses, e depois saborear um almoço recheado de deliciosas comidas típicas.
Falando em comidas típicas, foram os sabores da nossa terra que renderam a Belém o título da Unesco de Cidade Criativa da Gastronomia, em 2015. Essa qualificação insere a capital numa rede de cidades que buscam desenvolvimento de maneira sustentável e de modo socialmente justo.
A cidade morena e da floresta, dos cheiros e sabores. Mas nesses anos, a sua grande marca é algo que não se vê. Se sente. São 403 anos de história de uma metrópole que conseguiu conciliar diversas heranças. Feliz aniversário, Belém! (Karine Sued, com informações da Agência Belém)