Correio de Carajás

Assalto e destruição em Rondon

O superintendente regional de Polícia Civil do Sudeste do Pará, Thiago Carneiro Rodrigues, e o comandante do CPR-II, coronel Juniso Honorato Silva, acompanhavam pessoalmente as buscas aos assaltantes que atacaram nada menos de três agências durante a madrugada de ontem (11) na cidade de Rondon do Pará, a 140 km de Marabá. Os prédios dos bancos foram destruídos, deixando um cenário de pós-guerra na cidade. Pode-se dizer que esse caso foi o “batismo” dos dois líderes policiais que assumiram suas funções recentemente.

Banco do Brasil voltou a sofrer um ataque com explosivos depois de um ano e meio

No final da tarde, com apoio do helicóptero do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (GRAESP), alguns objetos e um dos veículos que havia sido roubado na semana passada e foi utilizada nesta ação criminosa, sendo abandonado na zona rural de Rondon.

Os bandidos atacaram as agências do Sicredi e Banpará, que são vizinhas, e também a agência do Banco do Brasil. No ataque, os criminosos – entre 15 e 20 homens – usaram duas caminhonetes. Eles explodiram as agências e levaram todo dinheiro que podiam. As instituições financeiras não haviam revelado até ontem o montante roubado, mas é de conhecimento público que até os primeiros 10 dias do mês essas agências costumam receber um montante considerável de recursos, principalmente destinado ao pagamento de servidores públicos.

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A agência de crédito, Sicredi, confirmou que houve subtração de valores durante o assalto, mas disse que ainda apura quanto foi levado. Em nota, a empresa informou que a agência ficará fechada para reparos e orientou os associados que se dirijam à agência em Dom Eliseu, a 80 km de Rondon do Pará ou que utilizem os canais digitais de atendimento.

Audaciosos, os criminosos atiraram também na direção do quartel da Polícia Militar justamente para impedir a saída dos militares e também dos policiais civis, pois a Delegacia fica ao lado do comando da PM.

Uma das primeiras providências da Polícia Civil foi solicitar a perícia de local de crime. Os bandidos deixaram vestígios para trás, como dinamites, luvas, balaclavas, estojos de munições, dentre outros objetos. Mas eles também jogaram grampos na pista para furar os pneus das viaturas policiais que se atrevessem a segui-los.

Um dos veículos usados pelo bando na fuga foi encontrado jogado em um matagal

Diligências foram realizadas pela PM na zona rural do município para onde os criminosos teriam seguido. Equipes da PM e Civil de Marabá foram deslocadas para apoio. Uma equipe da Delegacia de Repressão de Roubos a Bancos, ligada à Delegacia de Repressão e Combate ao Crime Organizado (DRCO) também se deslocou de Belém para atuar nas investigações.

SINDICATO SE PRONUNCIA

A agência do Banco do Brasil já havia sofrido um atentado com explosão em novembro de 2015. A cidade também registrou recentemente outros casos de assaltos a bancos, sendo um arrombamento a caixa eletrônico na unidade do Banco da Amazônia em junho de 2017, um “sapatinho” na agência da Caixa em maio de 2015 e um assalto na modalidade vapor no Banco da Amazônia em 2012, segundo informou o Sindicato dos Bancários do Pará.

De acordo com o presidente do Sindicato, Gilmar Santos, o crime praticado contra as agências bancárias de Rondon demonstra o poder bélico das quadrilhas especializadas nesse tipo de assalto e o tamanho da fragilidade do sistema de segurança do Pará. “Além disso, percebemos que Rondon tem um histórico de ocorrências de assaltos que merece atenção por parte dos bancos e dos órgãos de inteligência da segurança pública”, complementa.

Ele também disse que este será um desafio para o novo governo do Estado, que precisa se atentar para o problema. “Esperamos que esse novo governo tenha a sensibilidade de chamar o Sindicato para o diálogo, no sentido de construirmos ações e políticas que melhorem a segurança pública e bancária no Pará”, afirma Santos.

De acordo com informações prestadas pelo Sindicato, ano passado ocorreram mais de 50 ataques a agências bancárias em todo o Pará, dos quais mais de 30 foram consumados e cerca de 20 foram apenas tentativas.

De fato, historicamente, a cidade de Rondon do Pará – assim como outras no sul e sudeste do Estado – sofre com assaltos a banco na modalidade vapor (ou novo cangaço), que é quando os criminosos chegando atirando para tudo quanto é lado, provocando pânico generalizado. Ocorrerem anualmente entre um ou dois assaltos.

SAIBA MAIS

Localizada na BR-222, entre os municípios de Abel Figueiredo (40 km de distância) e Dom Eliseu (80 km), a cidade de Rondon do Pará tem ainda ramais importantes que dão acesso a outras localidades, como é o caso da estrada do Garrafão, pela qual se chega a Jacundá. Sem contar que por Dom Eliseu, é possível sair no Maranhão (na cidade Itinga-MA a 14 km) ou mesmo seguir na direção do nordeste paraense. Ou seja, Rondon oferece bastantes rotas de fuga.

(Chagas Filho)