Correio de Carajás

Barco naufragado causa risco de fatalidade no Rio Tocantins

Embarcação sumiu na época de cheia e voltou a aparecer com a baixa da água

Um barco naufragado na época da cheia do Rio Tocantins está a ponto de emergir agora que as águas baixaram e causa preocupação nos moradores do Bairro Francisco Coelho, mais conhecido como Cabelo Seco, que já presenciaram dois acidentes de pequenas proporções nos últimos dias.

De acordo com Agnaldo, que chamou a equipe do Correio de Carajás para verificar a situação, há alguns dias um rabeteiro e um barqueiro colidiram com a embarcação, sem grandes danos. “A gente queria que as autoridades competentes tomassem alguma providência para que não chegue alguém vir a óbito. Geralmente esperam acontecer um acidente trágico para tomar providência. A gente queria que tomassem as providências antes disso”, cobrou.

Agnaldo relata que na época da enchente os moradores perceberam o remoinho no rio, acreditando se tratar de uma embarcação naufragada. “Ele veio rolando da Orla (Sebastião Miranda) pra cá, pelo fundo, aí chegou e parou. Começou a fazer o rebojo e a gente ficou desconfiado se era uma balsa ou barco, mas aí a gente sentiu falta do barco que ficava ancorado mais acima. Agora, com a seca do rio, deu pra perceber que realmente é aquele barco.”

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Para ele, o barco está bem visível e seria possível retirá-lo da água. Reclama, ainda, que apenas três boias de pequeno porte fazem a demarcação em torno da embarcação. “São muito pequenas para visualizar, principalmente à noite e a partir de cinco horas da tarde, quando também é muito difícil por causa do reflexo do sol. À noite passa muito barqueiro e rabeteiro, principalmente o pessoal vindo da praia com criança e idoso, causa risco de afogamento”, alerta.

Na tarde desta quarta (21) a reportagem conversou com o secretário de Viação e Obras Públicas de Marabá, Fábio Moreira. Segundo ele, a obrigação de remover embarcações naufragadas é dos proprietários. Inclusive, na noite de terça (20), diz, foi retirado um flutuante que emergiu em condições semelhantes, em frente à Praia do Tucunaré, com apoio de máquinas do órgão, mas por solicitação da responsável pelo bem.

Em relação ao barco, o secretário diz que a empresa proprietária está acompanhando a situação, mas é necessário que o rio baixe mais alguns centímetros para ser possível a retirada. Ela se comprometeu, entretanto, a sinalizar melhor a área. Antes, diz Moreira, a Defesa Civil havia feito a sinalização adequada, mas as boias foram furtadas.

AREIA

O morador Agnaldo chamou a atenção para outro problema em frente ao local onde está sendo construído o mirante pela Prefeitura de Marabá, no Cabelo Seco: a presença de balsas que extraem areia do fundo do rio.

“A gente já pediu muito e bate todo o tempo nessa tecla. A gente pede pra vereador, prefeito, pra quem puder ajudar porque esse pessoal tá muito próximo da orla. Já brigamos com eles, já foram ameaçados, já chegamos a cortar poitas, mas não tem jeito, voltaram e tão em frente ao Cabelo Seco. Eles chegam bem próximos da orla nova, onde está sendo feito o mirante”.

Balsas de extração de areia estão atuando fora da área demarcada

Agnaldo diz que a atuação das balsas que extraem areia na região deixa profundos buracos e ilhas com montes de seixo, que também causam acidentes a rabeteiros e barqueiros. “Vai tirando a areia e formando os montes. Aquelas ilhas, quando secam, formam aqueles rebojos no meio do rio e fica feio pro pescador que se acidenta direto aí. Ninguém toma providência”, reclama.

Conforme ele, os órgãos públicos apenas pedem que as balsas se afastem, mas com o tempo elas retornam. “Enquanto não surgir uma multa pesada para os donos dos areais eles não vão se afastar. A gente queria que tomasse providência ou então a gente vai ter que bater de frente”, garante.

Procurada, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Marabá informou existir uma área delimitada, abaixo do Bairro Amapá, após o encontro dos rios Tocantins e Itacaiunas, denominada “Polígono de Drenagem”, onde essas balsas devem permanecer. A denúncia, acrescenta, foi encaminhada para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), que fará fiscalização nesta quinta (21).

Acrescenta que irregularidades devem ser denunciadas por meio da Linha Verde Marabá, do Disque Denúncia Sudeste do Pará, no número (94) 3312-3350.

(Luciana Marschall e Evangelista Rocha)