Correio de Carajás

Bacia do Xingu, no Pará, tem 533 árvores derrubadas a cada minuto

Uma área superior ao território da capital mineira, Belo Horizonte, foi desmatada na bacia do rio Xingu apenas entre maio e junho deste ano em decorrência de situações como grilagem, avanço da pecuária, garimpo e flexibilização da legislação. Ao todo, foram desmatados 39 mil hectares de floresta – praticamente 533 árvores por minuto.

Os dados integram o 13º boletim Sirad X, o sistema de monitoramento de desmatamento da Rede Xingu +, articulação composta por indígenas, ribeirinhos e seus parceiros que vivem ou atuam na bacia do Xingu.

Com uma diminuição das chuvas no Pará, a intensificação do desmatamento foi corrente no Estado. Só no mês de junho, o desmatamento detectado dobrou em relação ao mês anterior, saltando de 10.611 hectares para 21.462. Já na porção mato-grossense da bacia, foram derrubados quase 7 mil hectares no período — 99,6% dos quais, desmatados ilegalmente.

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De acordo com o especialista em sensoriamento remoto do ISA (Instituto Socioambiental) Ricardo Abad, os recursos e o apoio institucional para fiscalização e operações de campo têm diminuído. “O problema não é saber onde está o desmatamento, o problema continua sendo a falta de responsabilização dos infratores, que deixa o recado de que o crime compensa”, analisou Abad.

A Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, no sudeste do Pará, foi a Área Protegida mais desmatada no período, com 14.891 hectares de floresta derrubada, o equivalente a 200 árvores por minuto. Nos meses de maio e junho, a APA concentrou 38% do desmatamento na bacia do Xingu e 46% a mais em relação ao mesmo período do ano passado.

Sem zoneamento e nem plano de manejo, a APA vem sendo desmatada em ritmo acelerado nos últimos anos. Ao todo, a UC já teve 36% da sua área florestal convertida para outros diversos, tais como pecuária e mineração. Em sua maior parte concentradas nas bordas, essas atividades exercem pressão sobre as áreas protegidas vizinhas, como a Estação Ecológica da Terra do Meio e o Parque Nacional da Serra do Pardo.

Ao instituto ambiental Neo Mondo, a diretora de fiscalização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do Pará, Andrea Coelho, afirmou que o órgão está atento e tomando medidas para coibir as atividades ilegais. “Estamos diante de um contexto muito negativo para a área ambiental. A mensagem é que tudo pode: desmatar pode, explorar madeira pode, garimpo ilegal pode, etc”, disse.

(Yahoo noticias)