Um estudo publicado nesta sexta-feira (24) na revista científica “The Lancet” aponta que o consumo de álcool está associado a 2,8 milhões de mortes a cada ano em todo o mundo e que não existem “níveis seguros” para o consumo da substância. A pesquisa avaliou dados de 195 países e, ao analisar a prevalência do consumo no Brasil, verificou aumento no total consumido tanto por homens quanto mulheres, e concluiu ainda que subiu o total de homens que bebem.
De acordo com os dados, em 1990, o percentual de brasileiros que bebiam álcool era estimado em 68% da população. Naquela época, o consumo médio era de 1,8 dose diária. Em 2016, último ano considerado no levantamento, esse percentual subiu para 71% e o consumo médio subiu para 3 doses diárias. Para os homens, a média mundial era de 39% e 1,7 dose diária em 2016.
Entre as mulheres, os números são menores e houve queda em um dos indicadores: em 1990, o percentual era de 45%, com 0,95 dose diária. Já em 2016, o percentual caiu para 42%, mas o consumo subiu para 1,5 dose diária. A média mundial entre as mulheres era de 25% em 2016, com 0,74 dose diária.
Leia mais:No estudo, a dose considerada é de 10 gramas de álcool. Em média, uma taça de vinho de 150 ml com teor alcoólico de 12% e uma lata de cerveja com 5% de teor têm o equivalente a 14 gramas.
A pesquisa
O estudo faz parte da série “Fardo Global das Doenças” (GBD, em inglês), analisou os níveis de consumo de álcool e seus efeitos sobre a saúde em 195 países de 1990 a 2016. A pesquisa ouviu participantes de 15 a 95 anos, e comparou grupos que bebem com aqueles que não tomam bebidas alcoólicas.
A pesquisa usou dados de estudos já previamente publicados de 1990 até 2016. Foram 3.992 estimativas feitas em 592 artigos, que correspondem a uma população combinada de 28 milhões de pessoas e 649 mil casos com desfechos relatados. Por isso, é apontado pelos autores como um um dos estudos mais completos sobre o assunto.
O estudo foi financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates, sob coordenação da professora Emmanuela Gakidou, da Universidade de Washington, em Seatle, nos Estados Unidos.
Índice de risco
A pesquisa concluiu que aqueles que tomam uma dose diária (10 gramas de álcool puro) tem até chance 0,5% maior de desenvolver câncer e problemas de saúde relacionados ao álcool, se comparado com quem não bebe.
“Um drinque por dia significa um aumento pequeno do risco, mas se você ajusta isso à população do Reino Unido, representa um número muito maior. E a maioria das pessoas não toma apenas uma bebida por dia”, diz a médica Sonia Saxena, pesquisadora do Imperial College London, no Reino Unido, uma das autoras do estudo.
Entre outras principais conclusões da pesquisa estão:
- Uma em cada três pessoas no mundo bebe álcool (o equivalente a 2,4 bilhões de pessoas),
- 2,2% das mulheres e 6,8% dos homens morrem de problemas de saúde relacionados com o consumo de álcool a cada ano
- O uso de álcool foi classificado como o sétimo principal fator de risco para morte prematura e incapacidade em todo o mundo em 2016
- Para as pessoas com 50 anos ou mais, os cânceres foram a principal causa de morte relacionada ao álcool, constituindo 27,1% das mortes em mulheres e 18,9% das mortes em homens.
- A pesquisa aponta que não há níveis seguro para o consumo de álcool, uma vez que os efeitos benéficos contra a doença cardíaca não são compensados pelos efeitos adversos em outras áreas da saúde, particularmente o câncer.
(Fonte:G1)