Foi marcada para o dia 26 de agosto a segunda fase da audiência de instrução sobre a acusação de homicídio que pesa contra o sargento Sandro Daniel Mota Pantoja e os soldados Artur Sampaio Pinheiro Martins e Cosme Neto Souza Medeiros, todos da Polícia Militar lotados em Parauapebas.
A primeira fase ocorreu na última quarta (23) e, segundo o advogado Wilson Santana, no caso de Cosme Medeiros a demora ocorre pela quantidade de testemunhas, 29 ao todo, cujos depoimentos estão sendo colhidos virtualmente em decorrência da pandemia de coronavírus.
O Ministério Público do Estado do Pará sustenta que os três policiais mataram, por motivo fútil e com uso de tortura, Lucas Sampaio de Oliveira. Eles também são acusados de tentativa de homicídio contra Francisco José da Silva Cardoso, Isael de Oliveira Ferreira, Kayky dos Santos Santiago e mais dois jovens, conhecidos como Igor e Neném.
Leia mais:O caso foi registrado no Bairro Montes Claros, em Parauapebas, no dia 10 de março de 2019. A investigação da Polícia Civil apontou que o grupo fumava maconha no Cemitério do Bairro Rio Verde quando foi surpreendido, por volta das 22h30, pelos policiais e um terceiro homem.
Ainda segundo foi investigado, eles teriam chegado atirando contra o grupo e Francisco foi atingido. Ele conseguiu se esconder em uma gruta, enquanto os demais pularam o muro e se esconderam em uma residência. Lá, destaca a denúncia, foram encontrados pelos acusados e colocados em um veículo Fiat Uno vermelho.
As vítimas teriam sido levadas para a Área de Captação de Água, no Bairro Montes Claros, e afirmam terem sido violentamente agredidas e torturadas. Em meio a ameaças, os militares exigiam a entrega de drogas, armas e dinheiro. Foi neste cenário, apontam, que o policial Cosme teria mandado Lucas sair do carro, tirar o a roupa e ajeitar o cabelo para morrer.
Lucas, afirmam as testemunhas, ficou apenas de cueca e pediu perdão à Deus, sendo executado em seguida com dois disparos que teriam sido efetuados por Cosme Neto. Após isso, as demais vítimas ainda foram ameaças para não denunciarem o caso. No dia seguinte, o corpo de Lucas foi encontrado às margens do Rio Parauapebas perto, da Captação de Água.
Conforme o advogado Wilson Santana, durante a audiência realizada nesta semana a defesa acredita que os policiais serão inocentados das acusações. “Durante a instrução ficou bem evidente que a acusação não tem procedência, pelas testemunhas ouvidas, a maioria de acusação. As testemunhas foram unânimes em dizer que não reconhecem nenhum deles como autor dos delitos, não viram carro, nada”, afirma.
Ele destaca que as vítimas acusam os policiais militares de terem usado os próprios veículos, o que para o advogado não faz sentido. “Isso seria sem lógica, por mais que fosse verdade, quem usaria o veículo da família em algo assim.
Acrescenta, ainda, acreditar que a denúncia tenha sido montada para que os policiais fossem criminalizados. “As testemunhas entraram em contradição. Está dando a entender que foi ficção criminosa criada com o objetivo de prejudicar os policiais que trabalhavam de forma ostensiva nesse local, na região próxima ao Cemitério do Rio Verde”.
Por fim, diz ter certeza de que o cliente (Cosme) é inocente e que possui álibi do soldado na noite do crime. “Tenho prova contundente que o meu cliente, no dia do fato, estava trabalhando, fazendo um bico na Rua F. Tenho provas, tenho tudo”, afirma.
Sandro apresentou álibi de que estava em uma chácara naquela noite e no caso de Artur ainda não foram ouvidas as testemunhas. “Está ficando claro e esclarecido que são inocentes”. Wilson Santana diz ter dado entrada em pedido de liberdade provisória do cliente, com base no que foi apresentado na primeira fase da audiência. “A gente espera que seja acatado e os demais profissionais (advogados) também farão isso em relação aos outros acusados”. (Texto: da Redação / Informações: Ronaldo Modesto)