A Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) é o principal quadro clínico no paciente politraumatizado. Como foi relatado sobre a dificuldade da avaliação inicial no politraumatizado, a continuidade da investigação e a reavaliação do paciente devem ser feitas em diversos momentos da internação.
Existem quatro classificações para pacientes politraumatizados: estáveis, limítrofes, em choque e in extremis. Os pacientes estáveis não estão em risco iminente de morte. Apresentam boa resposta ao tratamento inicial, com estabilidade hemodinâmica, sem grandes alterações na coagulação, na temperatura corporal e na frequência respiratória.
Os pacientes limítrofes são aqueles que, após estabilização, ainda apresentam algum risco de piora. Os pacientes instáveis encontram-se em choque hemodinâmico, com índices elevados de lactato sérico, plaquetopenia e hipotermia. Não respondem de maneira eficaz às tentativas de estabilização clínica, apresentando risco elevado de morte.
Leia mais:Classificados como in extremis estão os politraumatizados muito próximos à morte. Devido aos efeitos extremos da hipotermia, da acidose e da coagulopatia (“tríade mortal”), permanecem intensamente instáveis, à revelia das tentativas de ressuscitação.
O toque retal e vaginal, investigando possíveis espículas ósseas, sinais de sangramentos ou deslocamentos prostáticos. Assim como a observação de sangramentos uretrais, podem ajudar a diagnosticar lesões pélvicas expostas ocultas, que aumentam a mortalidade desse paciente.
Deformidades grosseiras das extremidades, principalmente articulares, necessitam de atenção especial em relação ao status neurovascular do membro. A ajuda de um cirurgião vascular nesse momento pode ser requisitada.
Em alguns casos, a angiografia pode ser realizada para ajudar na indicação de uma eventual abordagem vascular. Por exemplo, pacientes com lesões pélvicas que tenham a necessidade de transfusão de inúmeras unidades de concentrados de hemácias, apesar da estabilização temporária ou tamponamento com compressas.
O sangramento retroperitoneal deve ser fortemente suspeitado na presença de instabilidade hemodinâmica persistente, associado a lavado peritoneal negativo e ausência de outras causas, como fratura bilateral dos fêmures.
Considerando, assim, ao final do atendimento inicial de emergência, após pacientes inconscientes recuperarem seu estado de vigília normal e mesmo acompanhando os desdobramentos das situações diagnosticadas no primeiro momento.
Algumas décadas atrás, o paciente politraumatizado era tratado com tração esquelética de forma definitiva, ou pelo menos na fase inicial, até que a cirurgia fosse realizada tardiamente. Isso porque ele era considerado “doente demais” para ser submetido a uma cirurgia.
Com o passar dos anos e com a melhor compreensão da fisiopatologia do politraumatizado, o tratamento cirúrgico ortopédico em caráter de urgência começou a ser visto como benéfico para se obter uma resposta clínica satisfatória. Isso se baseia em uma menor incidência de SDRA, de pneumonia, da síndrome de embolismo gorduroso e também contribuindo com um tempo de internação hospitalar mais curto.
O tratamento cirúrgico Ortopédico de urgência pode ser dividido em basicamente duas formas: fixação definitiva precoce, por meio de uma estabilização provisória na urgência, seguida de fixação definitiva tardia. Saber quando e qual caminho escolher talvez seja a chave para se alcançarem bons resultados no paciente politraumatizado.
Os pacientes politraumatizados estáveis podem receber fixação definitiva precoce, e os limítrofes necessitam passar por ressuscitação antes do tratamento definitivo para redução dos riscos de piora do quadro.
O atendimento por uma equipe multiprofissional, somando-se cuidados clínico e cirúrgico, conhecimento e treinamento atualizado, além da experiência do profissional são determinantes para o sucesso do tratamento empregado.
* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.
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