O presidente do Equador, Lenín Moreno, acusa o cofundador da WikiLeaks, Julian Assange, de tentar criar um “centro de espionagem “ na embaixada do Equador em Londres. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Moreno explicou os motivos de expulsão do asilo de Assange, detido no Reino Unido na última quinta-feira (11).
Segundo o presidente equatoriano, Assange violou as condições de asilo e tentou criar um centro de espionagem na embaixada do Equador, país que lhe concedeu asilo político há sete anos.
“Não podemos permitir que a nossa casa, a casa que abriu as suas portas, se torne um centro de espionagem. Essa atividade viola as condições de asilo”, acrescentou o líder equatoriano na entrevista.
Moreno acusa o governo anterior de ter dado condições a Assange para usar a embaixada equatoriana a fim de “interferir em assuntos de outros Estados”.
No entanto, as acusações a Assange, que levaram à revogação do asilo, geraram controvérsia no Equador. Rafael Correa, ex-presidente do país, considera que esse é “um crime que a humanidade jamais esquecerá” e que Lenín Moreno é “o maior traidor da história equatoriana e latino-americana”.
Segundo o jornal britânico, o WikiLeaks estava associado a um site anônimo que publicou informações e fotos particulares de Moreno e sua família, numa alegada campanha para enfraquecer a imagem do atual presidente equatoriano. Moreno negou que as recentes acusações a Julian Assange tenham sido uma represália pela exposição dos referidos documentos pessoais.
Na mesma entrevista, o presidente equatoriano dá como exemplo da interferência de Assange em assuntos internos de outros estados, a publicação dos documentos do Vaticano, em janeiro de 2019. “É lamentável que haja pessoas dedicadas a violar a privacidade das pessoas”, acrescentou.
Assange foi criticado pelo seu comportamento com a equipe diplomática de Londres e hábitos de higiene. “Ele manteve constante comportamento higiénico inadequado ao longo da estadia, o que afetou sua própria saúde e o clima interno da missão diplomática.”, comentou Moreno.
Ao The Guardian, Moreno afirmou que recebeu garantias do Reino Unido de que o cofundador do WikiLeaks não será extraditado para um país em que possa ser sujeito a tortura, maus-tratos ou condenado à pena de morte. (Agência Brasil)
*Com informações da RTP (emissora pública de televisão de Portugal)