Equipe do CORREIO resolveu testar a qualidade da viagem de Marabá a Tucuruí, numa rota que antes era um terror para quem viajava, mas agora é o novo “caminho preferido” de quem transita entre as duas cidades. O motivo é bem simples: o asfaltamento completo até Novo Repartimento, na BR-230 (Transamazônica) e os 30 km já asfaltados da BR-422 (Transcametá) no sentido ao lago da hidrelétrica.
O caminho sempre considerado oficial para quem se deslocava entre Marabá e Tucuruí era a saída da cidade pela PA-150, passando por Nova Ipixuna, Jacundá e Goianésia, e de lá, acessando a PA-263 até Breu Branco, na margem direita do Rio Tocantins. De lá, passando sobre a barragem para entrar em Tucuruí. São 273 km, que demandam até cinco horas de viagem.
Via BR-230, a diferença em distância não muda tanto: são 252 km, porém percorridos em até três horas e quarenta minutos, sendo 181 km até Novo Repartimento (2h22min) e 60 km do entroncamento com a BR-422 até a entrada de Tucuruí.
Leia mais:A Ordem de Serviço para pavimentação asfáltica na Transcametá foi assinada em julho de 2022, no governo Jair Bolsonaro, com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) anunciando investimento da ordem de R$ 176 milhões. O consórcio reúne as construtoras LCM e Ápia S/A.
O projeto inclui a pavimentação da rodovia, com etapas de drenagem, terraplanagem, sub-base, base e imprimação. Para suprir a demanda de asfalto, uma usina foi instalada em Novo Repartimento, permitindo a produção da massa asfáltica necessária para a obra.
É preciso destacar, inclusive, que o calçamento na área urbana daquela cidade está sofrível, com muitas valas, as quais passam a sumir, dando lugar ao aspecto de asfalto novo, apenas quilômetros adiante. A estrada ainda não recebeu a sinalização vertical e horizontal e tem apenas 30 km asfalto.
Os 30 restantes, até Tucuruí, já chegaram a receber a terraplenagem, porém o período de inverno entrega a conta, com trechos um pouco mais trepidantes para os carros de pequeno porte, mas nada que assuste. A nossa equipe não encontrou qualquer equipe das empreiteiras em campo para asfaltamento, trabalho que estaria suspenso até que passe o período chuvoso.
TRANSAMAZÔNICA
No último mês de janeiro, o CORREIO já havia publicado ampla reportagem dando conta da conclusão da obra de asfaltamento da BR-230 entre Itupiranga e Novo Repartimento
Na época em que a mobilização foi iniciada para a pavimentação entre Marabá e Repartimento, com lotes divididos entre empreiteiras, um trecho de 40 quilômetros, já próximo a Novo Repartimento, em frente à terra indígena Parakanã, foi abandonado.
Foi justamente um impasse com a comunidade indígena, na época, que levou o Governo Federal a seguir com os demais trechos, enquanto aquele pedaço de chão ia ficando para trás. Mudanças de gestão, fim de contrato e de recursos foram ajudando a travar historicamente esse resgate. Mesmo o trecho de Itupiranga a Marabá teve seus problemas com mudança de empreiteira e só ficou efetivamente pronto na década passada.
A viagem de Marabá e Novo Repartimento, que levaria 2 horas de carro, segundo os mapas, vinha demandando de 3 a 4 horas, dependendo da época do ano, sob cortina de poeira no verão, ou lamaçal, no inverno. Os trechos de ladeira demandavam auxílio de tratores em alguns momentos para desatolar ônibus, carretas e vans.
O Governo Federal retomou as tratativas com os Parakanãs há oito anos para garantir que o trecho de 40 quilômetros fosse finalmente asfaltado, em frente à terra indígena. Um acordo foi firmado com o Dnit, com condicionantes para contemplar direitos pleiteados pelos indígenas.
Entre idas e vindas a obras foi retomada em 2019 e, em junho de 2020, o CORREIO noticiava a conclusão de 32 quilômetros, ficando pendentes outros 12 quilômetros já perto da cidade de Novo Repartimento, tendo como marco o Rio Pucuruí. É o trecho finalizado agora em 2023.
A empreiteira responsável pelo maior avanço foi a Tamasa, a serviço do Dnit. O investimento demandou R$ 219 milhões, contemplando 101,9 quilômetros da rodovia federal (contando trechos mais a oeste do Pará). O Batalhão de Engenharia e Construção do Exército (BEC) também se envolveu na ação.
O material utilizado foi o CBUQ, sigla para Concreto Betuminoso Usinado a Quente, com acostamentos, micro revestimento, tachão reflexivo e sinalização horizontal, esta última, aliás, segue em conclusão.
As pontes, que antigamente eram de madeira, precárias e dando passagem apenas a um veículo por vez, em pista única, agora são de concreto e largas.
(Patrick Roberto)