A Fundação Casa da Cultura de Marabá recebe, a partir das 9 horas desta terça-feira, 15, a Exposição “Rendas de Ferro”, do artista visual marabaense Bino Sousa.
Com impressões em tecidos, feitas a partir de uma monotipia – técnica que consegue realizar a reprodução de um desenho – grades de ferro foram utilizadas como ponto de partida das obras.
“Venho pesquisando sobre as grades de ferro de Marabá desde 2014. Consegui esse material em ferros velhos e sucateiros”, conta Bino.
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Como forma de homenagear a arquitetura antiga da cidade, a intenção do trabalho do artista é produzir algo que se assemelhe a rendas e adornos que embelezam as casas da cidade.
“Quando coloco o desenho nos tecidos, ele fica maleável, tem outra significância”, analisa.
Outro artista visual que esteve presente durante a organização da exposição foi Marcone Moreira, premiado pelo Brasil afora com diversos trabalhos. Atualmente, ele preside a Associação dos Artistas Visuais de Marabá e ressalta que é importante estabelecer essa troca entre os artistas e acompanhar os processos.
“A nossa arte é produzida em um processo meio solitário, porém, o trabalho só existe quando ele é mostrado. Não é à toa que a gente faz exposições. E é nesse momento que estamos abertos a diversas leituras. Estou muito feliz com esse trabalho do Bino. É um caminho mais maduro, que ele vai percorrer naturalmente”, avalia Marcone.
Moreira lamenta que os artistas locais não são estimulados a promover a produção cultural local. “Esse é mais um trabalho fruto de um edital municipal, que por uma obrigação de uma lei federal, por causa da pandemia, todos os municípios do País receberam um valor para os artistas locais”, relembra.
O professor do curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Alixandre Santos, o Alixa, foi convidado por Bino Sousa para fazer uma reflexão filosófica, estética e teórica a respeito do atual trabalho que ele está realizando.
Para Alixa, é muito interessante essa relação de construção de arte a partir das grades que oxidam no tecido e reproduze o desenho. “Traz uma diversidade de questões que são típicas da região. Bino resgata essas peças que foram descartadas e dá um outro significado para elas. As grades têm uma relação com a extração do minério de ferro, têm relação com a proteção das casas. Outro ponto é a montagem das imagens em tecidos, que estão expostos como se fossem roupas nos varais”.
A Exposição “Rendas de Ferro”, de Bino Sousa, ficará por uma semana na Casa da Cultura, podendo ser prorrogada. (Chagas Filho e Ana Mangas)