Correio de Carajás

Antônio confessa ter matado Jaqueline estrangulada com cinto de segurança

Em coletiva na tarde de hoje, terça-feira, 3, o delegado Gabriel Henrique, diretor da 20ª Seccional Urbana de Parauapebas, deu detalhes das investigações que levaram à localização e prisão de Antônio de Souza Nascimento, acusado de ter matado a companheira dele, Jaqueline Santana da Silva, de 24 anos.

Segundo o delegado, Antônio confessou que matou a vítima estrangulada com o cinto de segurança do carro dele e depois ‘despachou’ o corpo no matagal, às margens da PA-160, entre Parauapebas e Canaã dos Carajás.

Jaqueline foi encontrada morta 19 dias depois de desaparecer, após ser deixada na casa de Antônio

Ele foi preso na manhã de hoje no acampamento Frei Henri Burin des Roziersem, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, na PA-275, entre Parauapebas e Curionópolis. Ele estava com prisão temporária decretada pela Justiça e apontado até então como principal suspeito pelo desaparecimento e morte de Jaqueline.

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Antônio estava foragido desde o dia 14 de agosto, quatro dias depois do desaparecimento de Jaqueline. Segundo o delegado Gabriel Henrique, Antônio, ao ser ouvido, confessou o crime, mas depois, orientado pelo advogado, Tony Araújo, não quis assinar a confissão. Ele foi encaminhado para fazer exame de corpo de delito por volta de 16 horas e depois levado para Carceragem do Rio Verde.

De acordo com o delegado, assim que o desaparecimento de Jaqueline foi informado, no dia 12 de agosto, foram iniciadas as investigações para tentar localizá-la. Nesse interim, Antonio, que é conhecido como “Toninho”, também sumiu e ele passou a ser apontado como o principal suspeito do sumiço da jovem.

Antônio

Paralelo a isso, os policiais também seguiram outras linhas de investigações. No dia 20, o carro de Antônio foi encontrado abandonado no Bairro São Lucas, na área da VS 10, em Parauapebas.

O veículo foi recolhido e, em análise superficial, não foram encontradas machas de sangue, mas foi solicitada análise ao Centro de Perícias “Renato Chaves”. Essa perícia ainda não foi realizada.

Seguindo com o trabalho investigativo, os policiais receberam a informação que Antônio estava escondido no acampamento sem-terra. “Não divulgamos nada para não atrapalhar as investigações”, frisa Gabriel Henrique. Segundo ele, após descartadas as outras linhas de investigação, porque tudo convergia para o acusado, o Departamento de Homicídios, que tem como titular a delegada Yanna Azevedo, representou pela prisão temporária de Antônio, deferida pela justiça.

Na última quinta-feira, dia 29 de agosto, o corpo de Jaqueline foi localizado, 19 dias após ela ter desaparecido, depois de ter sido deixada pela mãe dela, Carmem Santana da Silva da Silva, no dia 11, na casa de Antônio.

“Como tínhamos a informação de onde ele estava, esperamos o melhor momento para agir e prendê-lo”, ressaltou o delegado, informando que o acusado vendeu uma moto nesse acampamento e estava esperando receber o dinheiro hoje, terça-feira, para fugir para outro local.    

Em seu depoimento à delegada Yanna Azevedo, segundo Gabriel Henrique, que acompanhou o processo, Antônio deu detalhes do dia do crime.

Ele contou que após Jaqueline chegar à casa dele, os dois brigaram muito. Depois, já na madrugada de segunda-feira, 12, seguiram no carro dele para a cidade de Canaã dos Carajás, onde iriam receber um dinheiro referente ao tráfico de drogas. No meio do trajeto, os dois teriam voltado a brigar e ele teria acertado um soco no rosto da mulher e depois a estrangulado com o cinto de segurança.

O homem então parou o carro e arrastou o corpo dela até um matagal, na localidade conhecida como “Água Boa”, onde o ‘desovou’.  Quando estava concluindo o depoimento, observa o delegado, chegou o advogado dele e pediu para ler o documento.

“Nós, evidentemente, concedemos uma cópia para ele, que depois orientou Antônio a não assinar o depoimento. Nós certificamos isso no inquérito, que ele não assinou por estratégia de defesa do advogado, mas há muitos elementos nas investigações que apontam ele como o autor do crime e agora será solicitada a conversão da prisão temporária em preventiva”, diz o delegado.

Gabriel observa que nas investigações realizadas, as testemunhas inqueridas confirmaram que o casal brigava muito e, no dia do desaparecimento de Jaqueline, ouviram discussão e gritos de pedido de socorro dela. “Todos esses detalhes estão no inquérito, sem contar outras provas que embasam o pedido de prisão dele”, salienta.

Além de já ter sido indiciado por feminicídio, agora, com base no depoimento, a delegada Yanna Azevedo também vai indiciá-lo por ocultação de cadáver. Sobre a informação de que haveria marca de perfuração no corpo de Jaqueline, Gabriel Henrique ressalta que estão aguardando o resultado final do exame de necropsia, para saber com exatidão como a vítima foi morta.

Ele também frisou que foi solicitada perícia na casa de Antônio, mas o pedido ainda não foi deferido pela justiça. Ele explica que como ainda não havia corpo, o procedimento demora mais. “Assim que o pedido for deferido, vamos informar ao IML de Marabá, para enviar uma equipe para fazer a perícia, até para saber se há ou não manchas de sangue no local que só podem ser visíveis com o luminol”, enfatiza.

Apesar da briga entre o casal ser frequente, segundo informaram testemunhas, não havia nenhuma denúncia de violência doméstica contra Antônio, que também não tem até agora comprovada nenhuma passagem pela polícia. Já Jaqueline estava respondendo em liberdade a um processo por tráfico de drogas.

Segundo Gabriel Henrique, ela foi presa e 2016 pelo crime em Parauapebas. O delegado observa que Antônio justificou que a briga entre os dois, que resultou na morte de Jaqueline, foi motivada por ciúmes.

“A versão dele, que os dois saíram depois da briga, ainda é confusa. Mas isso será comprovado ou não no decorrer do processo”, enfatiza Gabriel, que só diz achar estranho, após uma calorosa briga, os dois saírem, tranquilamente, como ele conta.

Antônio, na saída para fazer o exame de corpo de delito, foi abordado pela Imprensa, mas não quis falar nada. Segundo a mãe de Jaqueline, Carmem Santana, sua filha vivia havia dois meses com Antônio. Jaqueline deixa dois filhos menores, mas nenhum é filho de Antônio. (Tina Santos – com informações de Ronaldo Modesto)