Neste dia 17 de abril de 2023 completa-se 27 anos do Massacre de Eldorado do Carajás, quando 21 trabalhadores rurais sem terra foram assassinados cruelmente por policiais militares.
Agricultores, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), organizações não governamentais, Pastoral da Terra, Comissão de Defesa dos Direito Humanos, dentre outras instituições, participam de um ato, desde o domingo (16), em homenagem às vítimas da Curva do S (local onde ocorreu o massacre, na BR-155, próximo ao município de Eldorado do Carajás).
Os manifestantes estão realizando diversas ações em memória às vítimas e, ao longo desta segunda-feira (17), a rodovia está sendo bloqueada por alguns minutos para eventuais homenagens.
Leia mais:A programação começou as 8 horas com um ato religioso, feito pelo bispo de Marabá, Dom Vital Corbellini. Logo em seguidas vieram os atos políticos, com representantes de movimentos sociais e universidades federais. O ato seguiu até às 12 horas, entre falas e intervenções artísticas e culturais.
“Além das mortes, 69 trabalhadores ficaram feridos, que sofrem até hoje com as sequelas da ação. E desde então, o MST tem feito do dia 17 de abril um dia em que se pauta a memória de Eldorado do Carajás e a necessidade do governo brasileiro de implementar uma massiva e ampla política de reforma agrária no país. Um processo de desapropriação de terras e destinação para famílias de trabalhadores rurais sem terra, indicando um conjunto de políticas públicas para o desenvolvimento dos projetos assentamentos, que são territórios organizados”, fala Ayala Ferreira, membro da coordenação nacional do MST, pelo Coletivo Nacional de Direitos Humanos.
Durante a manhã desta segunda, foram gravadas cenas do filme “Antígona na Amazônia”, uma parceria do MST com o diretor suíço, Milo Rau, do grupo NTGent. Foi realizada uma reencenação do Massacre de Eldorado, no próprio local onde ocorreu o episódio sangrento, na Curva do S.
A escolha de Eldorado, como palco dos trabalhos, se deu pelo fato do Estado do Pará ser o maior em índice de conflitos no campo e violência na luta pela terra, simbolizado, sobretudo, pelo emblemático caso do massacre.
Segundo o MST, a previsão é que a estreia internacional aconteça no próximo dia 13 de maio, no Teatro NTGente, na Bélgica.
Após todos esses anos, as feridas continuam abertas e parecem nunca terem sido cicatrizadas. O massacre ficou conhecido mundialmente por conta da crueldade e a forma como os trabalhadores rurais foram mortos por lutarem pela reforma agrária.
“A programação e ação girou em torno dessa recolocação da pauta da reforma agrária, agora com o governo Lula. Nos últimos seis anos essa pauta estava bloqueada. Esse ano, outros estados brasileiros se manifestaram neste dia 17 de abril em memória de Eldorado. Soubemos que aconteceram ocupações de latifúndios, ocupações do INCRA, manifestações nas praças das principais capitais do país, doação de alimentos e doações de sangue. Houve uma gama de ações em memória a Eldorado”, finaliza.
Vale ressaltar que após o massacre, sobreviventes e familiares criaram a Associação dos Sobreviventes, Viúvas, Dependentes, Familiares e Afins de Trabalhadores Rurais Mortos no massacre de Eldorado do Carajás e em Conflitos Agrários do Estado do Pará (Ascimecap). (Ana Mangas)