Correio de Carajás

Análise: Um Brasileirão muito doido

Começo o texto com uma afirmação repetida: o futebol pode ser analisado como um microcosmo da sociedade. Sendo assim, em um cenário muito complexo de pandemia, onde as relações sociais mudaram, o futebol também mudou e não apenas em relação à falta de torcida nos estádios, mas em relação ao desempenho dos próprios times. Prova disse é esse vai-e-vem no Brasileirão 2020.

Diante de toda essa mudança, o que se vê na maior competição de futebol do País – certamente o melhor certame da América Latina – é que praticamente todos os times desenvolveram um defeito em comum: não são confiáveis.

Quando você pensa que o time vai embalar, ele entra numa série de jogos ruins e resultados desastrosos. Exemplo disso é o que aconteceu de cara com o Flamengo, como Atlético Mineiro, com o Palmeiras e agora com o São Paulo. Quem diria que o Tricolor do Morumbi levaria um sacode de 1×5 para o Inter, dentro do “Cícero Pompeu de Toledo”?

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O contrário também acontece: o Grêmio, que estava claudicante, subiu rapidamente; e agora o Internacional (RS). Os gaúchos emplacaram uma série impressionante de sete vitórias seguidas.

Há teorias que tentam explicar o porquê de tudo isso: calendário apertado, surtos de covid, falta de torcida, viagens em cima da hora, além das outras competições que sempre foram um problema em outros tempos e agora se intensificam.

Esse carrossel de sucessos e fracassos, que levam um time do céu ao inferno em duas semanas dão “bug” nos algoritmos e sites de estatísticas, que tentam “adivinhar” quem tem mais chances de ser campeão.

Diante disso, quem pode se arriscar a anunciar o nome do favorito ao título? Ou quem pode ao menos prever o que vai acontecer na próxima rodada? É tudo muito imprevisível e é justamente aí que reside a beleza do futebol, pois é possível que nós, os amantes de futebol, tenhamos a oportunidade de testemunhar um campeonato decidido na última rodada. Seria “lindo”, como diz Abel Braga, técnico do “Colorado”. Aliás, “Abelão” pode estar “vivo” na 38ª rodada. (Chagas Filho)