Em continuidade ao tema abordado, citaremos hoje os seguintes componentes usados em ambiente cirúrgico. O jaleco ou capote pode ser descartável ou de pano reutilizável, lavado e estéril. Os descartáveis têm uma camada plástica que os tornam impermeáveis, os de pano não têm.
O avental cirúrgico também desempenha dupla função: proteção do paciente e do profissional da saúde. Em relação ao profissional: protege a pele do corpo da exposição à sangue e a outros fluidos orgânicos oriundos do paciente. Do ponto de vista do paciente, o avental cirúrgico o protege da contaminação de micro-organismos provenientes do corpo dos profissionais.
O avental deve ser utilizado dentro da sala cirúrgica segundo os seguintes passos: Com as mãos e o antebraço devidamente escovados e lavados deve-se segurar o avental pela parte superior longe de locais em que este possa chocar-se. Deixar que o avental se desdobre pela ação da gravidade.
Leia mais:Sem tocar na face externa do avental introduzir os braços na manga do lado correspondente. Pedir a um auxiliar que este amarre as tiras do pescoço. Amarrar as tiras da cintura também com auxílio de um assistente. O seu lado externo não deve tocar em superfícies não estéreis. É retirado pelo avesso, sendo tocado somente em seu lado interno, dessa vez, para proteger o profissional contra contaminação ocorrida do lado externo.
A luva estéril tem dupla função, protegendo tanto o paciente quanto quem realiza o procedimento. É o que efetivamente deixa as mãos estéreis, contudo, mesmo assim é necessário o preparo das mãos antes de seu uso, bem como sua correta colocação.
A luva estéril deve ser calçada logo após a escovação adequada de mãos e antebraço, secagem adequada e a colocação do avental cirúrgico. Só calçar as luvas estéreis após o ajuste total do avental. Deve seguir os seguintes paços de colocação: Abrir o envelope de modo que os punhos fiquem voltados para a pessoa que vai calçar.
Verificar se as luvas vieram pré dobradas de forma adequada. Calçar a luva da mão não dominante segurando com a mão dominante, tomando cuidado para segurar na parte dobrada do punho sem contaminar o lado estéril. Calçar a luva da mão dominante com o auxílio da mão não dominante, com os dois dedos da mão não dominante na dobra do lado estéril.
Puxar ambos os punhos para cobrir o punho do avental. Caso no ato cirúrgico ocorra trauma da luva estéril o próprio médico, ou quem está realizando o procedimento, deve trocar a luva por uma nova. O protetor ocular é recomendado especialmente para proteção dos trabalhadores. Seu modelo deve evitar o contato da mucosa ocular com sangue e outros fluidos.
Em relação ao instrumental cirúrgico, a instrumentação cirúrgica deve ser sistemática, sua organização tem grande importância no sucesso dos procedimentos que ocorrem na sala cirúrgica. O trabalho de instrumentação cirúrgica deve ocorrer desde a contagem de compressas até a instrumentação ao cirurgião responsável.
O instrumental cirúrgico varia de acordo com cada intervenção a ser realizada, mas sua base se mantém. É necessário conhecer o instrumental bem como seus nomes e suas funções, sua disposição na mesa e sua utilização em cada tempo cirúrgico.
A abertura do instrumental cirúrgico deve ocorrer o mais próximo possível do ato cirúrgico, após as portas da sala de cirurgia serem fechadas. A montagem da mesa com os instrumentais cirúrgicos deve obedecer a disposição em 4 regiões: diérese (corte e separação), homeostasia (controle de sangramento), síntese (aproximação e fechamento) e especiais.
A mesa deve ser disposta de tal forma que a categoria diérese esteja o mais próximo do instrumentador, permitindo assim a passagem facilmente entre este e o cirurgião. Pode-se ou não utilizar gazes para auxiliar no posicionamento dos instrumentos. O tema prossegue na próxima edição de terça-feira.
* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.
Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.