Amarga previdência
Mais dia, menos dia, a Previdência estadual irá quebrar de vez, se medidas de impacto não forem tomadas. A bola de neve do déficit já havia crescido na passagem de comando do Estado de Jatene para Barbalho. Hoje, o buraco alcança R$1,6 bilhão. E de onde tirar dinheiro para honrar pagamentos de aposentados e pensionistas? O pacote previdenciário do governo, que os deputados debatem e votam, é a fórmula encontrada para responder à pergunta. O remédio é amargo, mas não vai matar o doente.
Direitos e solução
Leia mais:As entidades sindicais de trabalhadores públicos que têm protestado na porta da Assembleia Legislativa contra o pacote, alegam que o governo pretende retirar direitos e penalizar os servidores com aumento de pesadas contribuições. O argumento é procedente, mas um fato a ele se sobrepõe: não há, ou pelo menos não surgiu, nem foi apresentada, uma solução alternativa. O próprio governo, autor do pacote, não encontrou coisa melhor para oferecer aos deputados.
Oposição é fraca
Desse episódio todo, em que manifestantes quiseram invadir a Alepa para impedir a votação do pacote, sobrou a dura constatação: não existe oposição forte e inteligente para um embate enriquecedor sobre os prós e contra da reforma do governo. Se houvesse, isso ajudaria o próprio governo a descer do salto alto e negociar pontos do projeto. Oposição fraca, quase inexistente, como se vê na Alepa, levou o governo a passar o trator e aprovar o que bem entendeu. O PT, cujos deputados são aliados do governo, sofre o “fogo amigo” das esquerdas. Carregará nas costas esse desgaste.
A opinião de Sefer
O procurador-geral do Estado, Ricardo Sefer, sobre o pacote, diz o seguinte: “temos que seguir que outros estados já estão fazendo. Claro que atos fazem parte da atividade sindical e nós respeitamos. As cerca de cem pessoas que estavam ontem (17) na Alepa, e que infelizmente se excederam, não representam os 105 mil servidores que vestem a camisa e sabem que o serviço público é meio para atendimento-fim de qualidade à sociedade”.
Regras diferenciadas
Sefer lembra que a discussão sobre as mudanças nas regras da Previdência foram iniciadas há cerca de três anos, sendo a culminância delas a reforma aprovada pela União em outubro deste ano, e com regras diferenciadas para atividades peculiares, que incluem professores, policiais e militares. “É a consequência natural de debate nacional. Entendemos que 2019 era o ano para se tratar sobre a questão porque a sociedade está convencida da necessidade.